26 de fevereiro de 2010

Sobre uma Saudade (II)

E Miguel nem se importava mais quando ela o chamava de bobo, o tratamento que antes o deixava sem graça, agora o fazia sorrir agradável e timidamente. O revigorava, literalmente, de alegria e tranquilidade.

A saudade infindável era suprimida de uma forma tão intensa quando conversavam por telefone, ele sentia como se ela estivesse deitada no quarto ao lado, enquanto ele suspirava sua paixão na sala. Embora depois, quase que com a mesma intensidade a saudade o afligisse ao desligar o telefone.

A distância que separava Miguel de seu anjo era tão grande, e mesmo as suas tentativas de fazer parecer pra si mesmo que nem era tão longe eram em vão. Ele contava o tempo aguardando a hora de encontrar com ela, e iria mover céus e terras para que isso logo acontecesse.

Sentou na janela do quarto, pegou sua gaita, que ele nunca aprendera a tocar de verdade, e tentou tirar algum som dela. Como de costume desafinou.

Voltou-se para o quarto e ficou fitando o sorriso no porta-retratos ao lado de sua cama. Uma lágrima lhe percorreu o rosto, e ele percebeu que sua vida já estava muito além das palavras.


Abraço. Boa leitura.

14 de fevereiro de 2010

Sobre uma Saudade

Já era tarde da noite, Miguel estava cansado. Não tinha mais o fôlego de anos atrás, mesmo algumas cervejas após um dia de trabalho eram o bastante para o deixar cansado e sonolento. A correria diária o deixava sempre nervoso, mas o que realmente o perturbava era a saudade.

Não cansava de deitar na cama e fitar o porta-retratos com uma foto de seu anjo, não cansava de observar aquele sorriso indissolúvel e o brilho intenso dos olhos dela. Àquela hora não sabia nada dela, e isso aumentava a saudade latente.

Deitado na cama, rolava de um lado para o outro, a noite parecia não passar. E o sono, não chegava. Nunca desejou tanto estar com alguém, nunca desejou tanto não estar onde estava.

Há léguas dali, ela sentou na beira da cama. Olhou o celular e viu a mensagem que Miguel lhe enviara, mais uma vez um trecho de uma música. Ela sorriu timidamente, como de costume. Encostou a cabeça no travesseiro lendo mais uma vez, e deixou para respondê-la depois, dado o cansaço que lhe abatia. Sem saber que longe dali, Miguel anseiava por aquela resposta.

Miguel fechou os olhos e tentou dormir, na esperança de encontrá-la em algum sonho e poder se encantar com aquele sorriso.


Abraço. Boa leitura.