31 de outubro de 2010

Hoje, Amanhã e Por Fim Ontem

Deixo bem claro minha posição, votei no Serra. Nunca votaria em Dilma. E me reservo no direito de não argumentar minhas razões, porque a campanha acabou.

Lula é a exceção a todas as regras. É possível que nunca apareça uma figura política tão carismática quanto ele, mas Lula não é um estadista, mostrou isso durante a campanha. É um mero cabo eleitoral, colocou Dilma embaixo do braço, saiu pelo Brasil e a fez presidente.

Transformou uma desconhecida em Presidente da República. Poderia ter feito isso com qualquer um, mas ele a escolheu, bateu o pé e impôs que era Dilma a candidata do PT. E mostrou que estava "certo", ela venceu. Mas mostrar que estava certo, sem as aspas, só em 2014.

Diferente de alguns eleitores do Serra, não quero que o governo de Dilma seja um desastre, menos ainda torço para isso. Pelo contrário, espero que ela faça um bom governo, um excelente governo, sou brasileiro, e ela é Presidente para todos.

Mas com o resultado anunciado pelas urnas, fica a minha torcida, minha maior torcida, para que no mais importante dia para a democracia brasileira, não tenham mais de 50 milhões de brasileiros sido co-autores do assassinato da democracia brasileira.

Que Dilma não nos traga um golpe de esquerda, que Dirceu não deseje mesmo que a imprensa seja controlada pelo Estado, que o Lula esqueça o que disse sobre extirpar partidos políticos de oposição e que Dilma não dê um pé-na-bunda do Lula. Porque os mais de 50 milhões de brasileiros não votaram em Dilma ou no PT, votaram em Lula, a exceção das exceções. Lula está para o PT, como a Ferrari está para a Fórmula 1, Não existe PT sem Lula, não existe Fórmula 1 sem Ferrari.

Encerro parafraseando uma declaração de Lula nos idos da campanha presidencial de 1990, quando era, o hoje aliadíssimo, Fernando Collor o seu adversário: "É uma pena para o Brasil, é uma pena para a democracia, o povo brasileiro votar com a barriga e não com a consciência". Pois é, concordo com ele.


Abraço. Boa leitura.

27 de outubro de 2010

Sorriso Aquarela

Sorriso Aquarela

Olha ela, olha ela
Um sorriso tão incrível
Em tons de aquarela

25 de outubro de 2010

Bobagem

Bobagem

Feito bobo
Bobo feito

Um sorriso
Um abrigo no seu peito
Teu carinho
Teu afago é perfeito

18 de outubro de 2010

[re]Encontro

Algumas horas de viagem depois, ele finalmente chegou. O trânsito parecia tranquilo, e era fácil percorrer as ruas daquela cidade, mesmo sem conhecê-las. Lembrou que precisava passar numa loja de roupas e comprar uma gravata para o congresso.

Atravessava as ruas sem pensar muito na palestra do próximo congresso, o carro ia devagar, observava as pessoas atenciosamente. Avistou então um lugar que lhe pareceu agradável. Uma cafeteria. Estacionou e foi até lá. Sentou do lado de fora e pediu um café espresso.

Continuava observando as pessoas ao redor. A cidade estava muito diferente do que era há dez anos atrás. Como de costume, após o café acendeu um cigarro. Do interior da cafeteria, fazendo seus olhos piscarem seguidas vezes, ela saiu. E vinha na sua direção.

Ele sabia que ela não fumava, mas atendeu quando ela pediu-lhe um cigarro, enquanto fazia de conta que não o tinha reconhecido. Em seguida, sentou com ele. Chamando a garçonete pelo nome, pediu uma dose de conhaque, a garçonete sem entender bem atendeu a patroa.

Os dois começaram a conversar, e em um instante ela pediu licença para colocar uma música na vitrola. Na volta perguntou a ele se eles se conheciam de algum lugar, ele então percebeu que ela não o tinha reconhecido. E então falou da música, e ele disse que estava excelente.

Era uma de suas músicas preferidas, ela sabia. Mas ele não entendia o que se passava. Ela baixou a cabeça, porque ele não compreendia o que ela queria. Ele pagou o café, e teve que ir embora, o congresso começaria em breve, e ele nem tinha comprado a gravata.

Ela ficou frustrada. E ele no carro, ouvindo de novo a mesma música, entendeu o que ela deixou no ar. Deu meia-volta e entrou em disparada na cafeteria, procurou por ela e ela sentava ao lado de um outro homem, hesitou e não foi até ela. Saiu e perguntou a garçonete quem era a mulher que sentara com ele, ela disse que era esposa do dono da cafeteria.

Partiu, mais uma vez repleto de solidão.


Abraço. Boa leitura.

5 de outubro de 2010

Idiota Vota? Vota, Idiota!

O voto de protesto no Tiririca é tão, ou mais, idiota que o próprio personagem. Quem votou nele para protestar, votou, por exemplo, pra eleger Genoíno, aquele que participou do mensalão. E essa conversa de dizer que quem o elegeu foi o mesmo povo que elegeu o Lula, o povo com pouco estudo é bobagem, teve muita gente com estudo que votou no Tiririca.

É ridículo, o povo brasileiro tem os políticos que merece, é fato. E contrariando toda a lógica do slogan do Tiririca, pior do que está, vai ficar sim, a próxima legislatura transforma o Congresso Nacional num circo de aberrações que são fruto da estupidez do brasileiro em achar que tudo está muito bem obrigado.

Mas o que se esperar de um povo que acha que voto tem preço, que político não precisa respeitar a ideologia do partido e que todo político rouba mesmo e nada vai mudar isso, não dá pra se esperar nada muito diferente.

E prestem bem atenção, muito mais corrupto do que o político que compra votos, é o bandido idiota que vende o voto, por uma cesta básica, uma consulta médica, uma reforma na casa ou simplesmente dinheiro. Enquanto essa prática for corrente, vamos continuar observando o desrespeito ao povo e aos interesses da nação enquanto alguns se perpetuam no poder.

Eu não vou conseguir mudar o Brasil, e talvez nem me importe em tentar, só não acho justo alguns pagarem pela idiotice de muitos. Não há direitos iguais quando o poder só está acessível para poucos. Não há democracia quando a representatividade é comprada. Aos idiotas que acham que voto é moeda de troca, deixo meus sinceros lamentos, porque vão ter que esperar as próximas eleições para terem valor novamente.


Abraço. Boa leitura.

1 de outubro de 2010

La Solitudine*

Apreciando os sabores mais amargos da vida como uma criança comendo algodão doce. É assim que José vive cada dia como se fosse o último e dobra cada esquina como se tivesse alguém lhe esperando com um revólver.

Ele encontra até mesmo nas marchas fúnebres sensações que nenhuma outra pessoa do mundo é capaz de experimentar, se ele fosse milionário o chamariam de excêntrico, se fosse pobre seria chamado de louco, mas ele não é ninguém, e assim é chamado.

Ele já quis jogar a culpa de tudo no mundo, mas o mundo, maior que ele, o jogou no lixo, o fez caminhar nas latrinas mais repletas de fezes, nos becos mais cheios de podridão, onde até mesmo veneno lhe parecia agradável.

Por décadas enfrentou guerras e mais guerras em nome de causas perdidas. Uma atrás da outra, primeiro o isolamento, depois a indiferença, passou então pela desconfiança, seguida da descrença e por fim, enfrentou a saudade que deixou seu peito despedaçado sem nunca tê-la encarado.

José arquejava, após mais uma batalha eram quase inaudíveis os seus suspiros ofegantes e repletos de dor. Embriagava-se então na solidão dos homens mortais.


Abraço. Boa leitura.

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"La solitudine fra noi questo silenzio dentro me
è l'inquietudine di vivere la vita senza te"
(Legião Urbana)