31 de outubro de 2011

Paz em Guerra

O homem já lutou incontáveis guerras desde o início dos tempos, e ainda lutará outras tantas até o fim dos tempos. A guerra está tão ligada à natureza humana quanto o desejo animal de reprodução – e talvez seja tão animal quanto, ou até mais. Se a guerra é essencialmente um mal, então o homem também o é.

E o que é mesmo a guerra? Sem muitas especialidades, é possível ser sintético e dizer que a guerra é quando homens matam homens. O assassinato é um ato de guerra, sem dúvida o mais característico de todos. Talvez por isso, e numa tentativa vã de cessar com as guerras, as religiões cristãs tenham posto através de seus profetas um mandamento específico: “Não matarás”.

A guerra não é um meio para outro fim se não para a própria guerra.

Poder, dinheiro, petróleo, territórios, entre outras coisas são usadas como pretextos para que os homens possam perpetuar a guerra. Os homens precisam de guerras, tanto quanto precisam de paz, só que precisam estar em guerra para estarem em paz. A paz sozinha não é o bastante para a natureza humana, a paz sozinha é inconcebível.

A história nos faz crer que ao fim de uma guerra todos os lados saem derrotados de alguma forma, mas enquanto a guerra está acontecendo alguém está vencendo, ainda que momentaneamente. É esse, talvez, o mais claro sinal de que o homem precisa da guerra, reconhecer que ao fim de uma guerra todos perdem.

Com todas as suas mazelas e riscos, a grande diferença – e talvez a única – entre a paz e a guerra, é que na paz homens não matam homens.

Mas homens continuam a morrer. Fome, doenças, acidentes ou o próprio tempo fazem na paz, o que o homem faz na guerra. A paz nada mais é que a guerra sem seu ato mais característico. E então me lembro de uma passagem em latim: “Si vis pacem, para bellum”. Se queres paz, prepara-te para guerra!


Abraço. Boa leitura.

22 de outubro de 2011

Mas. (Ponto final)

Eu não precisava escrever, mas. (Ponto final). O céu é azul, mas. (Ponto final). Os pássaros voam, mas. (Ponto final). Aquele batom vermelho era encantador, mas. (Ponto final). As pessoas sempre têm uma escolha, mas. (Ponto final). A noite estava calma, mas. (Ponto final). Um bom vinho sempre é uma boa companhia, mas. (Ponto final). Eu poderia continuar com isso, mas. (Ponto final).

Algum sentido no que eu escrevi antes? Possivelmente não. É engraçado? Talvez. O fato é que sempre que colocamos um "mas" após uma vírgula, uma pausa, esperamos não só uma continuidade, mas uma inversão de pensamentos, uma adversidade ao que foi dito antes. Não dá pra dizer: "Júlia gosto de você, mas. (Ponto final)". Continuemos então.

Resolvi escrever. Às vezes também é cinza. Não me trazem notícias suas. Eu não podia tocá-lo. Preferes ficar em cima do muro. Aquele abraço era cheio de tudo que não fosse calmo. Eu prefiro a sua companhia. Acho que as pessoas já podem entender o que eu quis dizer.

Preciso de algo mais para ir adiante.


Abraço. Boa leitura.

15 de outubro de 2011

Interesses

É na correria de uma cidade grande em que nós podemos perceber que, no mundo real, ninguém se importa com os outros. É verdade também que isso não é absoluto, mas basta conflitar o interesse do outro com o seu próprio e as pessoas estarão dispostas a mostrar quem realmente são por detrás da máscara de politicamente correto ou por detrás do escudo e espada de paladino da igualdade.

Num mundo ideal, se um mendigo na porta de um restaurante nos pedisse dinheiro pra comida e nós só tivéssemos o bastante para pagar a nossa comida compraríamos a comida pra viagem - porque certamente o restaurante não aceitaria que duas pessoas dividissem o mesmo prato - e comeríamos na rua dividindo com o mendigo. No mundo real nós olhamos para o lado e dizemos alguma palavra de negação ou simplesmente ignoramos.

Mas é sempre muito bonito falar no bem alheio. É sempre digno de aplausos quando alguém usa uma bela frase de fraternidade, justiça ou igualdade. É discurso recorrente atacar a hipocrisia, falar em ética, moral e dignidade. As pessoas só costumam esquecer que antes de satisfazer os interesses alheios, o que importa mesmo é satisfazer o nosso interesse pessoal e que a maior hipocrisia é satisfazer o interesse pessoal sob o argumento de satisfazer o interesse coletivo.

Seria muito mais fácil viver no mundo se um ato dessa natureza não existisse. As pessoas deveriam ser capazes de admitir que o próprios interesses vêm antes dos interesses alheios, mas ao invés disso vivem em uma espécie de peça teatral da vida moderna querendo pregar um faz de conta que todos sabemos que não existe.

Eu me importo primeiro comigo, é o meu interesse que eu coloco na frente, não tenho medo e nem vergonha de esconder isso. Se eu tiver que escolher entre o meu interesse e o de quem quer que seja, escolherei o meu, sem pestanejar. Se eu puder atender o meu interesse e, de brinde, o interesse coletivo será ótimo, mas não vou me colocar em segundo plano.

E para os quem acham que minhas palavras e meus atos são repletos de hipocrisia, não cito ninguém, não conto nenhuma história bonita de quando eu era criança e nem dou nenhuma satisfação. Eu tenho uma pergunta: eu admito que o meu interesse fica em primeiro plano, sou hipócrita por isso? Se defender o interesse próprio em nome do interesse coletivo é conceito de honestidade, ética e moralidade, eu prefiro que as pessoas continuem achando que eu não tenho nenhum pouco disso. (E o que as pessoas pensam, aliás, pouco me importa).


Abraço. Boa leitura.

3 de outubro de 2011

A Nova Guerra Social

Uma guerra começou no nosso país, uma guerra silenciosa e que pode ter consequências inimagináveis. Não começou agora, mas só agora enxergo claramente. E graças a um certo tipo de notícia que tem se repetido nas manchetes de jornal pelo Brasil inteiro.

De repente virou notícia de suma importância destacar a condição financeira de quem comete uma violação legal, agora é preciso taxar se o acusado é rico ou pobre, como se isso fosse agravante ou atenuante da situação.

O que se passa é que uma nova forma de instigação social, qual seja colocar pobres e ricos como inimigos, adversários ferrenhos, foi implantada pelo Partido dos Trabalhadores no último pleito, era o "Serra defensor dos ricos" e a "Dilma salvadora dos pobres". O fato é que a campanha passou, mas a rivalidade entre pobres e ricos só começou.

E começou de uma forma que gera ódio entre as pessoas. Me pergunto se isso é mesmo correto: odiar alguém pela sua condição social? Tenham dó, talvez os mais abastados tenham feito pouco caso da miséria alheia ao longo da nossa história, assim como os nossos miseráveis sempre se contentaram com esmolas históricas do governo da famosa "Emergência" das secas nordestinas ao globalizado mecanismo de cooptação eleitoral em que se transformou o Bolsa-Família.

Enquanto estudante de Direito me preocupo com a proporção que isso pode tomar na esfera legal, afinal fianças estratosféricas não eram comuns em nosso país até bem pouco tempo atrás. "É uma forma de deixar a justiça mais igual", alguém pode dizer. Entendi, tratar diferente para tornar igual.

Isso me lembra uma música de Engenheiros: "Todos iguais, tão desiguais, mas uns mais iguais que outros..."


Abraço. Boa leitura.