24 de julho de 2009

Morte em vida

Tentando me readaptar a rotina que já tinha praticamente abandonado, volto a postar. "Matar um homem é uma coisa infernal. Você tira tudo o que ele tem, e o que ele poderia ter". Essa frase brilhante só podia ser de um filme de faroeste, de um dos melhores faroestes de todos os tempos, Os Imperdoáveis, com Clint Eastwood, e é o próprio quem fala isso enquanto vive o "matador de mulheres e crianças", Willie Munny. Mas como falamos de filmes, de bandidos e mocinhos, a personagem Electra King em um dos recentes filmes de James Bond, questionou: "de que adianta viver, se não pode sentir-se vivo?"

Parando um pouco pra pensar, me pergunto: é possível então tirar a vida de alguém sem matá-lo? Ou matá-lo sem tirar-lhe a vida? A resposta talvez não exista. Ou simplesmente não podemos enxergar. Ou ainda simplesmente não compreendamos.

Mas esse não é o foco. Quero falar do que disse Willie Munny, sobre tirar "tudo que ele [um homem] tem, e o que ele poderia ter". Se for possível tirar isso de alguém sem matá-lo, certamente esse alguem morreria depois. Mas tudo que temos e o que podemos ser é algo muito difícil de ser mensurado, avaliado ou sequer imaginado.

E quando morremos em vida? Quando alguém importante morre e morremos junto, quando alguém nos deixa para trás e ficamos sozinhos, quando olhamos pra frente e damos de cara com um espelho que só nos mostra o que deixamos para trás. A dor é ainda maior, é como "viver sem sentir-se vivo". Mas há cura para isso, e a cura pode ser passageira só pra que fiquemos bem, ou pode ser duradoura para que estejamos sempre bem, cabe a cada um tomar a dose que mais lhe agrade.

Não sei se ficou claro, mas quem lê isso aqui faz tempo já está acostumado as coisas sempénemcabeça que aparecem de vez em quando.

Abraço. Boa leitura.



Revisora depois passe aqui.

Revisora passou por aqui: Cláudia Brito.

13 de julho de 2009

Lembranças...

Há tempos sem escrever algo, resolvi soltar algumas linhas soltas, ou nem tanto. Alguém por aí disse que "lembrar é fácil para quem tem memória, esquecer porém é difícil para quem tem coração", mas será verdade? Será fácil lembrar de quem se ama e não se está presente? Será fácil lembrar de quem te fez bem e partiu? Será difícil esquecer, ou pelo menos desejar isso, das coisas que nos fazem mal? Talvez até seja mais difícil esquecer algo, alguém ou alguma coisa, do que lembrar-se, mas daí a dizer-se que é fácil lembrar, não é.

É fácil lembrar de um número de telefone, mas não é fácil lembrar que ela disse que ligaria e não ligou. É fácil lembrar de bons momentos juntos, mas não é fácil lembrar dos difíceis. É difícil esquecer desses tais momentos difíceis, mas não é difícil esquecer das razões que os tornaram difíceis. É difícil esquecer que prometemos algo, mas não é difícil esquecer que não cumprimos.

São só exemplos da complexidade da lembrança.

As lembranças, boas ou ruins, no fundo servem como linha que costura nossa identidade. Lembranças boas nos deixarão bem, e podem produzir novas lembranças boas. Já as lembranças ruins provocam o efeito inverso. No meio disso tudo tem algo curioso, é mais fácil lembrar de momentos ruins do que de momentos bons, isso porque a natureza humana é estranhamente misteriosa. Shakespeare disse que um dia você "descobre que se leva um certo tempo para construir confiança e apenas alguns segundos para destruí-la; e que você em um instante poderá fazer coisas das quais se arrependerá pelo resto da vida". E talvez essa seja uma possível resposta que pode explicar porque é mais fácil lembrarmos de coisas ruins, porque elas nos marcam, nos fazem nos arrepender, nos fazem desconfiar, enquanto as coisas boas das quais não nos arrependemos, as quais nos fazem aprender a confiar vão passado, muitas vezes despercebidas.

Por hoje é só, será que a revisora ainda lembra de passar por aqui?


Revisão: Cláudia Brito
Lembro sim, meu bem. Texto revisado.


Lembra demais. Se eu num tivesse falado.