23 de dezembro de 2009

Devaneios

Ele estava sentado de frente para o mar, um café, um cigarro, mas sem companhia. Ficou imaginando o que ela estava fazendo, fazia poucas horas desde que tinham conversado pela última vez, e mesmo assim parecia fazer uma eternidade. Sabia muito bem que não conseguiria mais passar um dia sequer sem saber dela.

Ele não conseguia parar de pensar nela sem graça. Ela se sentia assim normalmente quando leh falavam algo que lhe agradava, embora ficasse sem graça em agradecer para não parecer convencida. Mantinha a cabeça baixa porque podia ser que seus olhos estivessem brilhando e não queria arriscar que seus olhos brilhassem pra qualquer um. Colocava a mão no rosto tentando esconder o discreto sorriso de satisfação e preferia não dizer nada para não falar algo que achasse não dever.

Mas o que ela não sabia, é que era ele quem ficava sem graça quando falava algo que a deixava assim. Para sorte dele, não tinha ninguém por perto então ele não tinha que tentar disfarçar nada. Simplesmente fazia de conta que estava tudo bem. Por várias vezes pensou em telefonar-lhe para ouvir sua voz apenas, mas não teve coragem.

Deu o último gole no café, respirou fundo. E partiu.

Caminhando com o vento contra o rosto, tinha uma coisa que ele não conseguia entender: porque ela era tão diferente. Tão diferente que era demasiadamente atraente. Não importa. Cedo ou tarde ia ser como sempre, ele ia acabar se machucando. E pela segunda vez desejou estar errado desde que a conheceu.

Atravessou a rua. E foi se misturando a multidão. Mais uma vez estava sozinho. Até quando?


Abraço. Boa leitura.

21 de dezembro de 2009

0 [Zero]

A música parou
Não há ruído
O copo está vazio
Secou

Os leões encaram
Sem medo
O gatilho emperrou
Gritaram

Sentei no alto mais alto
Com um bandolim quebrado
Tentando adivinhar
A canção a surgir
O Sol se pôs a fugir

Não consegui
E então perguntei:
-Zero.

Abraço. Boa leitura.

16 de dezembro de 2009

(In)Feliz Natal

A todos um Feliz Natal. E um próspero Ano Novo. E um muito obrigado por perderem seus preciosos minutos lendo as palavras, muitas vezes rudes deste escriba. Agora, ao que interessa.

Espero que todos já tenham comprado os presentes, arrumado a árvore de Natal, decorado a casa, o local de trabalho, e quem sabe feito uma tatuagem. Afinal, é Natal, o nascimento de Jesus. Tempo de alegria, de comunhão, de paz e de prosperidade. Um momento, deixem-me rever isso.

Tempo de alegria? Sim, claro, a excessão fica por conta aqueles que não tem família, não tem casa, nem jóia, nem carro, nem sapato, às vezes nem "roupinhas bonitinhas". E o dia 25 de Dezembro nada mais é que um dia de frio como outro qualquer.

Tempo de comunhão? De fato, exceto para os pobres que não tem nem mesmo um pão, e no dia seguinte vão catar as migalhas que sobraram da ceia de alguma família abastada que nem sabe que existe a fome.

Tempo de paz? É verdade, nesse Natal todos os soldados americanos no Iraque voltaram para casa para encontrarem suas famílias. A polícia do Rio fez um acordo, e os traficantes entregaram todas as armas das favelas cariocas. Oops... acordei.

Tempo de prosperidade? Obviamente, o luxo de poucos é fruto da prosperidade da miséria, da fome, da pobreza e da infelicidade de muitos, enquanto na cobertura de um condomínio de luxo garrafas de champagne são abertas com festa, na esquina escura embaixo do mesmo prédio, uma família mata a sede na poça de água da chuva.

Pelo visto, o Natal não é assim tão feliz quanto dizem. É só parar e observar com atenção. Assim, desejo a todos um infeliz Natal, para que possam lembrar que não estamos sozinhos no mundo e que não podemos fechar os olhos pra realidade se escondendo atrás de datas comemorativas que são simples manifestaçõs de vaidade.


Abraço. Boa leitura.

8 de dezembro de 2009

Para te Pedir pra Ficar

Acordei assustado. Você não estava do meu lado. Levantei te chamando, te procurei na cozinha, encontrei a mesa posta. O café na cafeteira ainda estava quente, não tardara desde que você tinha partido. Corri para o quarto, e só então vi o armário aberto. Sem seus vestidos, e sem minha camisa azul desbotada, a minha preferida.

Só então me dei conta que você estava me deixando, aliás que tinha me deixado. Mas eu não podia te deixar ir embora assim, te amava em demasia. Mais que isso, sentiria sua falta até mesmo depois de morto. Seu sorriso, seus cabelos encaracolados da cor de fogo, seus olhos que me devoravam quando fazíamos amor, a inspiração que você trazia às minhas músicas. Não podia deixar tudo isso partir.

Fui tomado por um desespero profundo, não sabia onde você poderia estar. Pior que isso, estava certo das razões de sua partida, e no seu lugar, faria a mesma coisa. Mas não podia, não podia te deixar ir, mesmo sem saber onde você estava.

De repente, encontrei a luz que eu procurava, bem ali no criado mudo. Talvez com pressa de partir, deixastes sua agenda para trás, bem aberta e cheia de preços e horários de voos. Sem pestanejar peguei-a, junto com a jaqueta no cabide e desci as escadas do apartamento correndo como um louco. Subi na minha velha moto e arranquei em disparada para o aeroporto.

No caminho, lembrei de nossas viagens de aventura montando aquela velha égua de ferro, que eu comprara com tanto empenho só pra te agradar. Era dela que eu dependia agora para não te ver partindo. No caminho, um sinal vermelho, parei para observar a agenda, e fiquei mais apreensivo ainda. Havia um voo às cinco, e faltavam quinze minutos, não podia ser esse o que você ia pegar, mas eu não queria arriscar. Cruzei o sinal, e mais alguns no caminho.

Cheguei ao aeroporto quando faltavam cinco minutos para o tal voo partir. Saí em disparada ouvindo a última chamada, no portão número treze. Era o meu número da sorte, não ia me decepcionar. De longe eu pude ver os seus cabelos da cor de fogo, gritei seu nome sem me importar que todos no aeroporto olhavam para mim. Você virou-se sorrindo, enquanto eu me aproximava.

Desculpa, mas eu não posso aceitar teu adeus.



Confiram "Para te dizer adeus", por Fernanda, do Rabiiiscos.

Abraço. Boa leitura.

2 de dezembro de 2009

"O Brasil é o País do Futuro"

"O Brasil é o país do futuro", que piada mais sem graça que o Renato nos trouxe em Duas Tribos. Um país que respira corrupção e transpira impunidade, só pode nos inspirar a revolta. O mecanismo jurídico é, na melhor das hipóteses, uma segregação de duas tribos: os que mandam e os que obedecem.

Todos são iguais perante a lei, levando-se em conta sempre o quão gorda é a conta bancária e o quão caros são os honorários advocatícios que se pode pagar. Quantos ladrões de galinha são presos por ano? E quantos bandidos de colarinho branco?

A nossa justiça tão atraente no papel, não vai muito além de meras palavras reunidas em forma de documentos públicos chamados de leis, que na prática não são levadas em conta. Porque aquele bandido dito "peixe-grande" sempre tem uma carta na manga contra alguém poderoso, sempre existe a chance de ser aberta uma Caixa de Pandora.

Lembram do Roberto [Jefferson] e do Mensalão, ele disse que levaria muitos à desgraça que o estavam fazendo enfrentar, e assim foi. O Daniel [Dantas] disse o mesmo, e seus crimes dia após dia estão caindo no esquecimento. Agora o [José Roberto] Arruda ameaçou dizendo que se radicalizassem com ele, ele não ia cair sozinho. E é sempre assim, sempre tem uma Pandora prestes a explodir.

O triste, é que mesmo quando caem corruptos aos bandos, a Ré-Publica, com o perdão do trocadilho, não cai. E a massa, o povão, crê que tudo está bem. Realmente, tudo está bem. Bem encaminhado para vivermos sitiados pela corrupção, pela inversão de valores, pelo cerceamento de garantias natas. Sujeitos à vontade não de políticos corruptos, mas de uma massa tola e corruptível que os leva ao poder.

Abraço. Boa leitura.

30 de novembro de 2009

Muito Além do Cidadão Kane

Alguém por aí já assistiu a um documentário, não tão famoso, que data de 1993 entitulado "Beyond Citizen Kane", em alusão ao filme de Orson Welles, Cidadão Kane. Em miúdos é um relato do quão podre e suja é a conduta da Rede Globo de Televisão. Recomendo a todos que puderem assistirem, aqui.

E sabem porque tô falando isso? Por causa de uma paixão nacional. O futebol. Não, não é choro de torcedor porque o Flamengo vai ser campeão brasileiro, talvez eles nem tenham culpa. Mas que ninguém me apareça pra dizer que a Globo - que outrora fez campanha para "salvar" o Fla da degola que o rebaixaria à Segunda Divisão - não tem dedo na conquista desse ano.

Vamos parar um pouco, o Flamengo chegou a estar 15 pontos atrás do então líder Palmeiras, há umas 13 rodadas do fim do campeonato. Não lembro bem. Atlético-MG, Internacional, Palmeiras, São Paulo, e inclusive o Góias, foram aplamente prejudicados por erros grosseiros de arbitragem durante as últimas rodadas, sem contar com uma rigidez nunca antes vista nos julgamentos do STJD. Tudo bem foi coincidência.

Mas ouvir o Kléber Machado gritar o gol do Flamengo hoje como se fosse gol da Seleção em final de Copa do Mundo, é demais para mim. Mesmo que minha "teoria consipiratória" esteja errada, um cara desses num merece ser narrador de futebol. Tá certo que a Globo é carioca, e Band paulista. Mas vamos ser imparciais um pouco.

Não peço nada demais - será mesmo que não? -, só queria poder ver TV sem ter que me preocupar em ter que checar outras opiniões depois pra ver se tava tudo certo, isso porque não há jornalismo em qualquer escala no Brasil, senão uma mídia de interesses que vira-casaca ao simples brilho de uma moeda.

Prefiro ver o SESC TV ou o Tom Brasil no domingo, ou melhor ainda, passar a semana baixando um filme na minha conexão discada - sejam contra a pirataria, não apoiem o roubo de barcos - e poder vê-lo no domingo, não há nada mais prazeroso.

Abraço. Boa leitura.

27 de novembro de 2009

Solidão a dois(?)

Que esperar das pessoas é, de longe, a melhor forma de decepcionar-se com elas, não há o que discutir. Mas daí a não esperar nada de ninguém, é um pessimismo que nem eu consigo sustentar. Prefiro guardar um pouco de esperança, lá no fundo.

Mas não esperar nada de ninguém - se é que isso é possível -, pode nos mostrar uma outra coisa. Ficar sozinho não é uma condição, estar só não é uma condição, não é algo que nos é imposto. É muito mais que isso, é uma opção, que qualquer um pode fazer em qualquer tempo. Afinal, não esperar nada de ninguém, nada mais é do que escolher ficar sozinho, mesmo rodeado de pessoas.

A grande questão é: será que isso vale a pena? E se vale, até que ponto?

Quem nunca quis distanciar-se do mundo, por qualquer motivo que seja, ir para uma ilha deserta, ou pra algum lugar onde ninguém possa conhecê-lo? A maioria esmagadora das pessoas que já se decepcionaram tiveram essa vontade. A frase clássica é "Eu queria sumir".

Pois eu digo, não suma. Não sumam. Porque em algum momento, por alguma razão, sua ausência será sentida. E pode até ser que não seja pela razão que você deseja, mas sentirão sua falta.

O bêbado que sempre senta na primeira mesa, sente falta daquela linda cantora que o enfeitiçava com a voz e o encantava com o sorriso. O cara que sempre chamava a menina de óculos pra ir ao cinema, sente falta do cinema, mas muito mais da companhia. O chato um pouco atrapalhado que não sabia dançar, sente falta da mulher que ele mal conhecia quando ela disse que estariam juntos para sempre. O escritor falido sente falte daquela jovem que ele prestara atenção uma ou duas vezes pessoalmente, mas que sempre o surpreendia nas salas de bate-papo durante a madrugada.

E aquele garoto que queria mudar o mundo, e agora assiste a tudo em cima do muro, sente falta de sua vontade de mudar o mundo, principalmente porque não sabe mais o que é o mundo.

Abraço. Boa leitura.

24 de novembro de 2009

Estranha Sintonia

Acendeu uma flor. Plantou uma vela. Enfeitou com cravos a coroa de espinhos e delicadamente espetou-a em sua cabeça. Ajoelhou-se, mas não rezou. Suava, mas o sangue era o molhado que sentia no rosto. Chorava, mas o gosto no canto da boca era de sangue.

De pés descalços começou a correr nas ruas cheias de cacos de vidro. Não sentia dor alguma, e não sabia porque. Desejava que o vidro lhe cortasse os pés. Voou alto com a força do pensamento, e quando estava bem perto do Sol, simplesmente desejou cair. E caiu.

Caiu de cara no chão, quebrou o maxilar e alguns dentes lhe saltaram a boca. E mesmo assim não estava satisfeito. Queria mais, ansiava pela dor, não podia seguir sem ela.

De repente, uma moça lhe estende a mão. Ele a observa com temor, e enxerga uma beleza que até o faz desconfiar - já diz o ditado, quando a esmola é demais, o santo desconfia. A mão continua estendida, e ele continua fitando-a com o olhar.

A moça se curva e fica de cócoras. E ele estranha, não é comum uma garota ficando de cócoras. Ela tira um lenço, limpa o sangue do seu rosto, lhe remove suavemente a coroa de espinhos. Levanta-se e novamente lhe estende a mão. Ele hesita mais mais uma vez, mas acaba dando-lhe a mão.

E os dois são caminhando, passos curtos e largos, alternadamente. Mas sempre passos em sintonia, às vezes estranhamente sintonizados, mas sempre assim. E saem, os dois por aí. O amor e a compaixão.

Abraço. Boa leitura.

20 de novembro de 2009

Mas Que Droga!!

Desculpem a ausência. Sentida, ou não. Estive recluso em meus pensamentos esses dias. Precisando de alguma coisa que não consegui descobrir o que era. Resultado: ainda continuo puto. Estou cansado da mediocridade alheia, e da minha própria deveras vezes.

Cansei de ouvir ofensas contra minha inteligência, cansei de ouvir condenações sobre crimes que não cometi, cansei de viajar todos os dias. Queria ganhar na loteria. Nunca mais trabalhar, nunca mais estudar. Viajar, ler, escrever, fotografar, e outras coisas que me dão prazer - é senhores, o sexo se encaixa nessa categoria.

Cansei de ver o Jornal Nacional - e o Fantástico -, estou cansado de fazer como todo mundo. Mas o que eu posso fazer se eu não posso nada?

Exceto nada, não consigo praticar a maioria dos meus direitos. E enquanto eu tenho que dar um duro filho da mãe para ganhar alguma grana, lá no distrito alguém dá uma canetada ilegal e ganha alguns dígitos - ou muitos dígitos. Esse é o retrato do nosso país. Aristocratas decadentes que hoje vivem sustentados por uma viúva - negra não, verde e amarela.

É triste.

Abraço. Boa leitura.

16 de novembro de 2009

Microconto #5 e #6

Pré-grávida

Ela e o namorado sentaram sérios, na frente dos pais dela.
- Pai, mãe. É algo sério.
O pai logo fez uma cara de mal, esperando pelo pior. E a mãe timidamente sorriu.
- Não, eu não estou grávida. Só que nós estamos sem dinheiro pra comprar camisinha. Então a gravidez pode acontecer a qualquer momento.

Caso

Saíram pra jantar depois do trabalho. Conversaram bastante. Foram pra um motel. Primeiro fizeram amor. Depois treparam. No dia seguinte, ele chega ao trabalho e sorri pra secretária:
- Olá, Priscila! Como foi a noite?
- Eu me demito, canalha!


Abraço. Boa Leitura.

15 de novembro de 2009

Fim de Domingo

Fim de domingo, nada para fazer. Cansado de ver TV ou sair por aí. O futebol tá uma droga, e eu tô puto mesmo com o meu time. Me resta escrever alguma palavra trocada, ou algum trocadilho em palavras.

Estou sentindo falta de coisas que não vivi, de pessoas que ainda não conheci, de músicas que nunca ouvi, de filmes inéditos que me tirem o fôlego. A rotina me sufoca. Enquanto isso, na parte de baixo de um viaduto qualquer, em qualquer cidade grande, uma criança chora com fome.

É sou mesmo um egoísta. Mas e quem não é?

A verdade, a grande verdade, é que ninguém se importa com o próximo. Nos preocupamos com tudo que nos cerca, mas só quando esse "tudo" nos afeta. Não importa a criança desnutrida na África Setentrional, não importa os adolescentes viciados nos becos de São Paulo, não importa a ficha criminal daquele Senador da Paraíba, nem importam as condenações daquele Ministro do STF. Isso não faz diferença na minha vida, na nossa vida.

Ledo engano. Faz sim. Mas não nos importamos. E eu não me importo mesmo, pelo menos tenho um mínimo de bom senso em não fingir que me importo. E não me importo, não por egoísmo, ou por incompetência intelectual, mas não me importo porque no fundo eu me importo mas me sinto impotente para fazer qualquer coisa.

Eu poderia ter saído hoje, poderia ter tomado uns copos com alguns amigos enquanto via o futebol. Mas eu saí, caminhei, fumei alguns cigarros e ouvi algumas pessoas de mais idade falando sobre muitas coisas. Que belo programa de domingo. Parece até piada, e quem sabe seja mesmo uma piada.

Abraço. Boa leitura.

14 de novembro de 2009

Sem Destino II

Ele acelereva contra o vento, assim como era apaixonado por Janis - apelido carinhosos da sua velha viola -, amava loucamente a velocidade e a adrenalina de Lucy, sua Harley-Davidson '69. Cortava as ruas da cidade e não se preocupava se guardas iriam aparecer para multá-lo, não seria estranho se ele os conhecesse pelo primeiro nome.

Mas nada adiantava, ele não conseguia tirar da cabeça aquele cheiro, aquela voz, aqueles cabelos, aquela pele, aquele beijo. Ele não queria, e mesmo que quisesse, não conseguiria tirar aquela mulher da sua cabeça por nenhuma razão. Foi um encantamento tão estranho, ele talvez nem a amasse, mas qualquer música que ele ouvisse ou tocasse lhe faziam lembrar dela.

Resolveu ir até o barzinho onde a conhecera.

Era do outro lado da cidade, e àquela hora seria mais rápido cortar alguns caminhos, até por uma questão de segurança. Mas ele preferiu ir pelo caminho usual, não teria feito muita diferença. Ele apenas talvez tivesse chegado em tempo de ver o rapaz da viola sendo agredido por um garoto de 17 anos que não sabia o que era Música Popular Brasileira.

Mesmo com a confusão ainda havia uma certa quantidade de pessoas, que acabaria indo embora já que não tinha mais música. Ele entrou e foi cumprimentar o dono do lugar, com quem ele fizera amizade no outro dia. Pediu uma tequila enquanto ouvia o homem narrar-lhe o acontecido. E observou o desânimo no semblante do homem, ao ouvir que iria fechar por não ter mais música.

Tomou mais uma tequila, e viu seu dinheiro ser recusado quando tentou pagá-las. Sorriu para o dono e então voltou para a moto. Frustrado. É fato, esperava encontrá-la por aí. Pouco antes de subir na moto deu uma olhada para Janis, e olhou de volta para o bar. Pensou, e pensou. Pegou sua viola e voltou.

A garoto do som já ia começar a desligar os equipamentos, quando ele assobiou e acenou para que não desligasse ainda. Entrou e perguntou ao dono se podia tocar algumas músicas, o homem ficou surpreso e feliz ao mesmo tempo. E com um sorriso no rosto agradeceu muito. Ele então foi sentar no banquinho, enquanto tirava Janis de sua case.

Alguns olhares espantados com a beleza daquela viola, um desenho de olhos em um fundo azul metálico. E o braço carregava o desenho de uma serpente. Ligou os cabos, viu se ela estava afinadinha, e ensaiou umas notas de um forró daqueles ele achava ridículo, só pra ver se havia chances de alguém ali compreender o que ele ia tocar.

Nas mesas da frente, apenas um olhar de reprovação, de um cara que certamente sabia muito mais que ele sobre música. Lá no fundo alguns rapazes e moças já foram se levantando como quem ia começar a dançar. Alguns risos em outras mesas. O dono ficou meio sem entender. E nenhuma outra manisfestação relevante.

Cumprimentou a todos, não disse como se chamava, apenas apresentou Janis, e disse que ela era a fonte da música, ele era apenas um meio para o fim. Desejou que apreciassem a música e enrolou um pouco mais enquanto terminava o cigarro. Antes de começar a tocar. Terminou o cigarro e então começou a dedilhar um de seus blues preferidos.

E mais uma vez observou as reações, de todos ali, o homem próximo estava muito mais do que surpreso com sua música, o pessoal do fundo estava meio sem entender. Em algumas mesas as pessoas batiam palmas, mesmo parecendo que não sabiam o que tocava. E o dono do bar aparentemente havia voltado ao trabalho.

Parou mais uma vez, pediu uma tequila. E para sua surpresa, o dono do bar já vinha trazendo-lhe uma tequila, além de outra coisa na bandeja. E só quando chegou mais perto ele pode ver o que era, uma gaita. O dono sorriu, e ele bebeu a tequila rapidamente. Pegou a gaita e começou a soprar-lhe sua alma.

Não sabia o que soprava ao certo, era algo novo. Mas sabia o que viria quando começasse a tocar. Guardou a gaita. E começou a dedilhar, dedilhando com mais paixão que em qualquer outro tempo de sua vida. Começou a cantar os versos que compusera mais cedo em sua casa. A paixão começou a contagiar a todos.

E tocou a noite inteira. E ninguém saia de lá. E todos pediam mais uma quando ele terminava uma música. E ele já tinha perdido as contas de quantas tequilas havia tomado. E o dia amanhecia.


Abraço. Boa Leitura.

12 de novembro de 2009

A Minha Lira

Em vinte e poucos anos, eu na minha humilde passagem por este planeta pequeno, já vivi tanta coisa. Principalmente, já errei, persisti no erro, me ferrei, e ainda continuei errando, e não sei até quando vou insistir com algumas coisas.

A lira dos meus vinte anos não tem rima, não fala de amor, de saudade, de alegria. Ela só tem partes tristes, porque mesmo as partes razoáveis se tornaram tristes no fim. Só posso salvar de tudo isso, alguns poucos amigos. E tenho me contentado com isso.

É ridículo ver o pensamento idiota de algumas pessoas, pensam tão pequeno, pensam tão absurdamente frustrados. E me dói o fato de que talvez eles é quem estejam certos. Certos em não se incomodar, certos em acharem que tudo está indo bem, que se o mundo está uma droga, não é da conta deles.

Enquanto muitos não se importam, ultimamente tenho sentido falta de coisas tão simples. Um abraço apertado. Um sorriso. Alguém pra conversar. Cheguei a pensar que estava deprimido, mas não se trata de depressão, é um colapso total, de crenças, princípios, sonhos.

As coisas foram passando, os amigos estão longe ou ocupados demais, os amores não olham mais pra trás. E eu continuo sentado na beira do caminho sem saber muito o que fazer. E aquela música que não me sai da cabeça, parece tanto comigo, mesmo sem falar dos meus erros.

Mas e quem sabe nos próximos vinte e poucos anos da minha vida as coisas não mudem um pouco. Sentar e esperar.

Abraço. Boa leitura.

11 de novembro de 2009

Microconto #3 e #4

Dança da Alma

Ele a chamou para dançar, mesmo sem saber dançar. E tropeçadamente eles dançaram, sem compasso e sem ritmo. Mas suas almas pareciam em perfeita sintonia. E quando se deu conta, dançavam em outro ritmo, outra música, o ritmo da alma, a canção da paixão.


Morte Súbita

Sentou-se na cafeteria. Pediu um café. Deu alguns tragos no cigarro enquanto esperava. Bebeu o café. Parou pensativamente, deixou o cigarro no cinzeiro e algumas moedas no balcão. Ao atravessar a rua foi atropelado por um ônibus.


Abraço. Boa leitura.

10 de novembro de 2009

Poesia de Irmãos III

Poesia de Irmãos III

E então irmã, poetisamos?
Transformando em poesias
Nossos sonhos e fantasias
E o amor que desejamos

Creio que tenho o amor
só é preciso regar
pra nao deixar essa flor
um dia vir a secar

Então siga em frente
Porque não é todo dia
De chuva ou de calmaria
Que ele tá na porta da gente

Isso sei, e agora
Deixo o tempo agir
Pra mágoa ir embora
E o amor voltar a sorrir

Assim logo espero
Ver seu sorriso sincero
Cheio de canto e poesia
Me trazendo grande alegria

Agradeço o desejo
E recebo de peito aberto
Te mando um carinhoso beijo
Como se fosse de perto

Te mando meu forte abraço
Que atravesse todo o espaço
Passando estrelas e cometas
Mil sóis, dez mil planetas
E te traga um presente
Essa amizade da gente
Esculpida com paixão
Numa tal constelação


Fahad Mohammed & Natália Louise


Abraço. Boa leitura.


Veja também:

Poesia de Irmãos

Poesia de Irmãos II

Sem Destino

Era o dia seguinte, depois daquela festa maluca, depois daquela noite maluca. Era tempo de voltar a realidade, ônibus, metrô, e mais um tanto de passos até chegar ao que chamava de lar. A velha carola que morava no apartamento vizinho o observou das botas ao cabelo despenteado, diferente do usual desajeitado. E quando entrava no apartamento ela lhe atirou uma série de conselhos morais inaplicáveis, afinal, mal sabia ela como girava sua rotina.

Deitou-se no seu quarto, mas logo sentou na cama e pegou a viola. Dedilhando alguns acordes mal projetados, começou a versar sobre um amor que nunca experimentara, pelo menos não de fato, pelo menos não ainda. Horas e horas depois, quando o dia já tinha virado noite, e a noite transformado-se em madrugada, ele ainda estava lá, dedilhando e versando.

Tocou o telefone. E quase que como um surto ele largou da viola e correu para atender.

O anseio logo se transformou em desânimo, e ele atendeu o telefone quase sem querer. E não pensou muito para dizer que não ia mais sair de casa ao seu amigo que o convidava para alguns goles. Foi de volta para a cama e pegou a viola mais uma vez. Agora nem os versos e nem as melodias eram mais de amor, ele sentia-se sozinho.

Largou da viola, e foi tomar banho. A água meio fria, não lavou-lhe a alma como ele esperou. Enquanto trocava de roupas uma idéia lhe veio, e ele resolveu sair um pouco. Vestiu-se, perfumou-se, desajeitou o cabelo. E saiu. Dessa vez na sua velha motocicleta. Acelerava sem rumo e pensava, pensava incessantemente nela, na carta não respondida, nos olhares distantes, no medo de ir até ela.

Parou em um posto de gasolina, precisava comprar cigarros, e aproveitou para dar uns goles numa cerveja gelada, esperando que o seco de sua garganta fosse cortado, de nada adiantou, ainda engolia seco quando pensava nela. Acendeu um cigarro, e encostou na moto. Enquanto fumava se perguntava porque a noite passara tão rápido naquele dia, porque o tempo não se arrastara enquanto ele esteve com ela, e ficava matutando isso.

Cansou. Jogou o cigarro. Subiu na moto. E acelerou. Não sabia ao certo o que ia fazer, mas partiu.


Abraço. Boa leitura.

9 de novembro de 2009

Lembranças Perdidas

Uma vez na vida eu queria poder não ter certas lembranças ao fazer certas coisas. Queria poder olhar pro céu, ver aquelas duas estrelas, e não lembrar. Olhar pra Lua, ver aquele brilho, e não lembrar.

Mas as lembranças, de uma maneira ou de outra, são lembranças e por isso permanecem. Outrora eu disse que é preciso ir pra poder permanecer, e isso me veio à lembrança agora.

E é isso, as lembranças, permanecem, porque se foram, partiram para poder permanecer.

Mas não as nego. Por mais que algumas me incomodem, eu não nego as minhas lembranças. E vou levando-as comigo, e algumas sempre vão me incomodar, outras sempre vão me alegrar. E assim segue a vida, como um barco à deriva.

Abraço. Boa leitura.

7 de novembro de 2009

O Abraço da Morte

Dedilhando em finas cordas, sorriu ao vê-las cortarem seus dedos, que suavemente começaram a sangrar. Não conseguia mais prender a respiração e aquele ar começava a lhe sufocar. As luzes, de tão intensas, delicadamente foram tirando a visão de seus olhos. Ao falar, por um segundo, suas cordas vocais produziram uma voz tão estridente antes de romperem-se que seus ouvidos nada mais podiam escutar.

Fora-se o tato. O olfato. A visão. A fala. E a audição.

Restou-lhe um coração batendo lentamente. Restou-lhe um cérebro cheio de devaneios, os mais loucos. Outra vez o sorriso despido de qualquer malícia preencheu seu rosto, agora tomado de uma agonia incompreensível.

As forças foram-se indo, deixou a velha viola cair. O último elo com seus medos caiu no chão e partiu-se em pedaços. Mas não sabia disso, não teria como saber disso de forma alguma.

Cada segundo, que mais parecia uma eternidade, foi passando. E em instantes, quando já não lhe restavam mais forças, caiu. Lhe chegara o abraço da morte. Sem saber o que de fato lhe tirara a vida, que já não tinha.

Ná lápide estava escrito: "Jaz aqui quem tocou, respirou, viu, falou e ouviu à beira da morte, e tomado por todas as agonias da vida, morreu sorrindo da própria desventura".


Abraço. Boa leitura.

Revisão: Cláudia Brito.
É um prazer colocar meu nome na revisão dessa postagem, ficou linda.

6 de novembro de 2009

Brincar de Amor

Caríssimos amigos, prezadas ex-namoradas, eventuais futuras namoradas - que acho que serão ainda menos eventuais depois de lerem isso. Esse texto, é o que eu chamo de personificação de um pensamento tronxo, porém completamente indiscreto e demasiado cretino.

Depois de duas semanas trocando alguns beijos e muitas palavras de carinho, de repente: "Eu te amo". Mentira, mentira cretina!

Alguns meses dividindo a mesma sala de aula e uns três porres depois escolhemos aleatoriamente um colega de faculdade, e então: "Eu te amo, você é o meu melhor amigo". Mentira, mentira cretina!

"Ó Priscila, estou apaixonado por você, me dá uma chance", o ridículo pensamento que deseja uma trepada, e nada mais. Ou seja, mentira, mentira cretina!

Porque banaliza-se tanto e de forma tão medíocre os sentimentos?

A banalização do amor é algo doentio, há quem tenha tantos amores quanto garotas que beijou, há quem tenha menos, e há quem tenha mais. Todos de mentira, porque o verdadeiro sentimento de amor, é algo tão complexo que talvez nenhum homem seja capaz de descrever, e muito menos de sentir, de fato.

É triste para mim, um romântico incurável, falar isso que estou falando. Todas essas constatações destroem boa parte da minha crença no amor, principalmente porque as pessoas o mudam de lugar muito rapidamente.

Mas eu continuo a acreditar no amor. Continuo a pensar que no fim o amor prevalece. E sonharei com isso a vida inteira se for necessário, e digo isso porque enquanto não bater em minha porta o amor, apenas me restará sonhar com ele, e em pensamento ter o amor em meu leito dia após dia.

"Não fale de amor, não diga bobagem, não prometa o que não vai cumprir".


Abraço. Boa leitura.


P.S.: Eu tenho um melhor amigo, mas ele nem sabe disso talvez. Nunca me importei em dizer. Porque o conheço o bastante para saber que dizer ou não, é indiferente.

P.S.S.: Às minhas irmãs, as amo sim, e de verdade. Por isso que são minhas irmãs. E nunca se esqueçam disso.

P.S.S.S.: E antes que me atirem aos leões, e me chamem de hipócrita, não nego que já banalizei o amor, por mais de uma vez, mas a gente aprende, a vida é uma escola.

Microconto #1 e #2

Ópera Muda

Fechou a boca. Bebeu o vinho. E em seguida cantou silenciosamente. No final todos taparam os ouvidos e aplaudiram.


Blues da Fumaça

Pegou a viola. Acendeu um cigarro. Endireitou o microfone. Começou a cantar um blues estranho. Todos começaram a acender seus cigarros. E de repente só via-se a fumaça.

5 de novembro de 2009

O Louco

O louco é uma personalidade que cada um carrega dentro de si, é uma possibilidade de extrapolar os padrões da sociedade e da "moralidade social" que se preocupa muito mais com o "bem estar social", do que com a moral em suma. Não sou um moralista, não mesmo, não ostento nenhum vestígio de moralidade, pelo menos não dessa moralidade que a sociedade prega.

"A moral não tem importância e os valores morais não têm qualquer validade, só são úteis ou inúteis consoante a situação", falou Nietzsche.

Tenho meus princípios, e eles valem para mim, e somente para mim. Acredito em sua essência, e não condeno os outros tomando por base os meus princípios, porque ninguém os conhece. Mas também não posso absolvê-los de acordo com os princípios sociais de qualquer espécie que eu me recuso a compactuar. De forma que simplesmente não os julgo, não cabe a mim.

E não confundam criticar - o que por vezes faço aqui, nesse canto que é meu - com condenar. Condenar é pejorativo.

Mas voltando ao louco, eu queria ser louco, queria poder sentir prazer ao receber um choque anafilático, queria poder sentir essa reação do nosso corpo constantemente. Queria provar do temeroso sabor dos venenos mais letais que o homem conheça, ou até mesmo desconheça.

Me acham louco? Como podem julgar alguém louco sem o conhecer intimamente?

Parafraseando Nietzsche, é como ver pessoas dançando ao longe e chamá-las de loucas, mesmo sem podermos ouvir a música.

Eu não sei se sou louco, não sei se meus devaneios são loucuras, se minhas aspirações são loucuras, se meus desejos mais íntimos são loucuras. Não sei se minha crença no amor é válida. Mas encerro outra vez com Nietzsche: "Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura."


Abraço. Boa leitura.

4 de novembro de 2009

O Fantástico Mundo dos Sonhos

Agora realmente um mundo estranho, trocava nomes, rostos, gostos. Nada fazia muito sentido. Era tudo tão diferente, e dessa vez a insanidade imperava.

Era uma imensa arena, completamente verde. De tão verde que era chegava a ser brilhante. Veio um cocheiro trazendo cavalos e nos convidando a cavalgar. E com algum reluto, resolvemos aceitar.

Começamos a correr pela arena verde, de repente saímos por um portão, e os belos cavalos se transformaram em unicórnios e pégasos. E as mais diversas criaturas começaram a nos acompanhar.

Centauros, elfos, anões, gnomos, duendes, fadas. Era como se fossemos uma só força em movimento. E tamanha a alegria que nós carregávamos, começaram a nos acompanhar até as flores, libertando suas pétalas que pareciam uma nuvem soprada pelo vento.

E enquanto íamos correndo, eu sentia ir mais rápido, a criatura que me levava parecia acelerar, e olhando pra trás já via distante todos aqueles seres fantásticos.

O despertador tocou, e eu acordei. Que pena.

Abraço. Boa leitura.


P.S.: E isso foi mesmo um sonho, aconteceu de verdade, no sonho.

Poesia de Irmãos II

Poesia de Irmãos II

Há tantas milhas irmã minha
Está você e seu encanto
Que afaga o meu pranto
E ao meu lado caminha

Tão distante irmão meu
Está você e seu talento
Brindando o amor que nasceu
Sem deixar ressentimento

Em qualquer lugar estão amores
No campo são como as flores
Nos mares como os golfinhos
E no céu como os passarinhos

Assim o amor não nasce então
Floresce, saltita e voa
E quando passar a garoa
Repousará num coração


Fahad Mohammed & Natália Louise


Abraço. Boa leitura.


P.S.:E ela que disse que ia colocar no blog dela também, ainda estou esperando.

3 de novembro de 2009

Aquarela

Aquarela

Eu podia ter ficado
Vendo a novela
E sem conhecer ela

Eu podia ter calado
Quando sua voz bela
Me pareceu tagarela

Mas resolvi seguir
Responder e inquirir

E mesmo sem provocar
Muito menos insinuar
(Nem eu e nem ela)
Pintamos nossa aquarela

Mas e no fim então?
Formamos um belo par?
Alguma coisa pra cantar
Um amor ou uma canção


Abraço. Boa leitura.

Crime e Castigo

E a vontade de escrever hoje foi muito grande, mas ao mesmo tempo foi grande a vontade de sumir, de ir embora pra algum lugar no meio do nada, de poder sentar, olhar pro céu e entender um pouco de almas, de tentações e, principalmente, de pessoas importantes que por um motivo ou outro brincam conosco, ou nos julgam, ou pior, nos condenam sem direito de defesa.

A culpa, por mais que sejamos inocentes, é dolorosa.

Eu que não tenho que provar nada pra ninguém. Eu sou homem, a minha consciência, por mais que as vezes se adense, é a prova viva de qualquer julgamento que me façam. Não sou nenhum santo, mas não queira me vestir como um demônio, não queira me vestir como o pior dos homens, porque eu não sou.

A justiça, seja ela qual for, tarda, mas não falha. É assim que diz o ditado.

Eu vou dormir. Vou tentar. Os fantasmas dos crimes que não cometi me assombram, pois que venham me assombrar aos montes, que venham todas as legiões de fantasmas. E que sejam capazes de me trazer todo o terror que possam carregar em seus espectros.

Mas venham sabendo que aqui vive um gigante! Um gigante de idéias, um gigante de coragem, um gigante com alma à prova de balas! E que um dia será o contrário, será o gigante que irá caçá-los, que irá vasculhar em cada olhar de reprovação, em cada palavra de condenação, em cada gesto de desalento. Caçar a verdade.

E repito, não sou santo, não sou o melhor dos homens. Mas não vou admitir que me coloquem as vestes de um demônio, que condenem por crimes que eu não cometi. Pagarei, sem dúvida, pelos meus erros, mas não posso admitir que me condenem pelo que não fiz.

Desculpem o desabafo, mas precisava falar algo, precisava descarregar, e nada melhor que descarregar em palavras, afinal, elas não me condenarão nunca.

Abraço. Boa leitura.

2 de novembro de 2009

No Meio de Tudo Você

No meio de tudo, no meio do nada, tanta gente ao seu redor que ele mais se sentia sozinho. As pessoas se cruzavam e nem se olhavam direito. As vozes, os sussurros, todos os sons, eram tão altos que não se podia ouvir.

Foi então que lá bem longe enxergou algo diferente, especial. E de repente ele podia ouvir algo parecido com uma voz amiga, um alento. Podia observar algo que apesar de tudo, o fitava mesmo que fosse apenas em essência.

Era uma rainha, ou pelo menos deveria ter sido. A mais bela escultura que jamais vira, era mais viva que qualquer das pessoas daquele lugar estranho. Ele a rodeou, a observou, feito louco chegou até mesmo a conversar com ela.

E então, em um surto da mais pura loucura, ele a beijou. E a rainha era como fogo, vermelha! E ela usava duas esmeraldas preciosas! E o gosto era de mel de abelha! E a rima se vestia de prosa!

E o fogo o queimou, o brilho das esmeraldas foi se indo, o gosto de mel, esse ficou, e ele que queria pensar uma rima, acabou escrevendo uma prosa. Embriagado pela loucura, foi deitando devagar e aos poucos despertando.

Ao abrir os olhos, olhou pela janela e vendo o muro da casa percebeu que estava no seu velho quarto. Mais um sonho estranho, sem explicação, daqueles que só ele podia entender. E a rainha, por onde andava? Pensava?

Abraço. Boa leitura.


P.S.: No título menção a uma música dos Engenheiros do Hawaii, tava com saudades de lembrá-los por aqui.

1 de novembro de 2009

Velhos Hábitos

Velhos hábitos são como respirar, involuntariamente necessários. Mas como saber se nossos velhos hábitos estão velhos realmente? Como saber se já são involuntariamente necessários?

O dia estava amanhecendo e ele continuava com os mesmos velhos hábitos de sempre, falava sozinho, pensava em voz alta, levava a mão ao bolso e apanhava um cigarro, caminhava sem saber exatamente aonde seus passos o estavam levando, e continuava sempre pensando no que tinha acontecido na última noite. Mas dessa vez tinha sido uma surpresa boa.

Como falei há alguns dias, eu estava tentando parar de fumar, tentando atender um pedido especial, mas acho que queimar o cigarro e ver a fumaça subir se tornou um velho hábito, como pensar, respirar. Então, 11 dias e 23 horas depois eu resolvi desistir de parar. Velhos hábitos devem nos acompanhar, afinal são eles quem definem quem somos de verdade.

O cara de barba, dentes amarelos do cigarro, voz rouca das gritarias, usando um óculos aos pedaçoes e completamente embaçado, alguém que as pessoas costumavam contar muitas histórias, algumas eram mitos, outras nem tanto. E de repente, um olhar congelante, um sorriso ardente, e um beijo.

Estou vendo o futebol enquanto escrevo, e o meu time acaba de empatar, então, me permitam acabar antes do que gostaria, mas o futebol, as corridas de automóvel, são velhos hábitos de todos os homens.

Ele se foi, ela se foi. Por enquanto? Ou portanto? Ele se pergunta quando? E ela o que se pergunta?

Abraço. Boa leitura.

29 de outubro de 2009

Poesia de Irmãos

Escrita em conjunto, separados por uma distância de 180 quilometros, mas tão próximos quanto dois lados de uma mesma moeda. Saudades irmã.

Mas minha irmã e então
Vais comigo escrever
Ou permanecerá só a ler
As palavras com emoção

E poderei dizer não
A quem sabe fazer
Das palavras, do viver
Uma grande inspiração?

Oras isso é de família
Sair por aí escrevendo
Linhas tortas, só se vendo
Continuemos a partilha
Das palavras, dos dizeres
Esquecendo os afazeres

Ah..quem me dera
Fugir para uma ilha
Os deveres esquecendo
Os dizeres escrevendo
Pro resto da minha vida

Avante então sem medo
Tiro uma ilha da cartola
E num estalar do dedo
Cantarolo e toco viola

E te acompanho no canto
Na rima com teu violão,
Faço cara de espanto,
Crio nova canção.

Mas tenha calma sem demora
Pois lembrei mesmo agora
Que mesmo mágico de cartola
Nunca aprendi a tocar viola
Assim num empate ficamos
Você toca a viola
E juntos nós cantamos

Se queres, assim será
Cantemos como um sabiá
Que pela serra voa
Sobre o frade de coroa
De espinhos no sertão
Esse som que agora ecoa
Transformado em canção

Do sertão aos sete mares
Espalho o canto pelos ares
Traio o Sol e beijo a Lua
E vejo a montanha nua
Verdejante como era
Caio ao chão que insinua
A mais bela primavera

Me alegro se cantares
Tudo aquilo que sonhares
Dentro da mente tua
O astro que agora atua

Já partimos minha irmã
Mas espero poder seguir
E escrever outro porvir
Qualquer dia de amanhã


Fahad Mohammed & Natália Louise

Abraço. Boa leitura.

28 de outubro de 2009

Tão Sutil Quanto uma Porta

Definitivamente não sou alguém sutil, não sou alguém que chega e passa despercebido. Principalmente porque mesmo magricela, tenho quase dois metros de altura, e isso chama tanta atenção quanto o gordo de 200 quilos que vemos de longe e ficamos apontando.

Sutileza.

Alguém já ouviu "Sutilmente", aquela música do Skank?

Não sei porque o título, que não faz jus a letra. Uma letra extravagante tratada com sutileza. Mas isso é o que chamam de poesia não é mesmo?

Não distante Renato Russo chama de "Sereníssima" aquela letra em que no primeiro verso ele se diz um "animal sentimental", mas não é o que somos todos, animais sentimentais?

Sutileza. Serenidade.

E então quando esperamos a insanidade profunda, numa música chamada "Bicho de 7 Cabeças", temos um sutil e sereno: "Cresça e desapareça".

Insanidade.

E assim é a música, uma caixinha de surpresas. Como a vida, que é uma caixinha de música. Mas e o que isso tem haver com o fato de que não sou uma pessoa sutil?

Abraço. Boa leitura.



P.S.: Ultimamente quando tento extrapolar alguns sentidos, nem eu mesmo entendo muita coisa no fim, acho que estou ficando um pouco perturbado.

27 de outubro de 2009

Brasil Mostra Sua Cara!!

"O que é mais relevante para o Brasil, transformar a segunda-feira de Carnaval no Dia Nacional da Oração ou reaproveitar a água das chuvas para limpeza dos prédios públicos?"

Esta pergunta chega a ser cretina, afinal a resposta é óbvia.

A surpresa está no fato de que a idéia de "canonizar" a segunda-feira de Carnaval partiu de um Deputado Federal, enquanto um jovem de 15 anos prôpos o reaproveitamento das águas das chuvas. Esse furo de reportagem eu vi no CQC desta última noite.

Ainda tem mais coisa engraçada.

"- Deputado [Ciro Gomes] quem o senhor acha que prôpos o reaproveitamento da água? - pergunta a repórter que eu nem sei o nome. - De um deputado ou de um adolescente?
- Do adolescente, óbvio!"

E viva o Brasil!

Ponto para todos os brasileiros estupidamente estúpidos que colocam gente da estirpe de José Genoíno no Congresso. Que colocam alguém que espera que se crie o "Dia do Corinthians". Que votam em quem sugere transformar a segunda-feira de Carnaval no Dia Nacional da Oração. Que acham que o reaproveitamento da água das chuvas é papel da empresa de abastecimento.

Enquanto isso, nas escolas, faculdades, becos, ruas, butecos, e qualquer outro lugar em que pessoas se reunam com frequência, não se discute sobre isso. O papo sempre é a mulher do vizinho, o gostoda cerveja, a rodada do fim de semana no Brasileirão, o tamanho da bunda da garçonete.

As vezes eu queria ser burro, pra não perceber as bizarrices que acontecem ao meu redor, mas infelizmente tenho que conviver com isso. Paciência.

Abraço. Boa leitura.

26 de outubro de 2009

Tragos e tempos*

Passa das duas da manhã, eu trabalho às 8. Quero escrever mas não sei bem sobre o que. Hoje fiz umas leituras e algumas vezes me senti um idiota. Mas isso é outra história. O fato é que estou me cansando de começar a escrever e em seguida apagar tudo. Essa foi uma semana tranquila, pensei muito sobre um monte de coisas, e escrevi quase todos os dias. Algumas coisas estão aqui, outras não.

Estou tentando descobrir o que eu estou procurando de fato. O que está do outro lado da porta? Quem está do outro lado da porta?

Já fazem mais de oito dias que não acendo um cigarro. Atendendo a um pedido especial. E há pouco me deu vontade de fumar, eu não tinha cigarros, por isso não fumei, mas se tivesse, de certo teria acendido. Mas vou continuar tentando não acendê-los, seja por não os ter, ou por não querer.

Eu sinto saudades do cigarro, confesso. Foi assim da última vez, antes da minha avó morrer, passei seis meses sem fumar, um pouco mais na verdade, mas sempre tinha saudades de soprar aquela fumaça. Já tem quase um ano desde que minha avó morreu, o tempo passou tão rápido, e tão lento. Tudo depende da companhia.

As vezes, com o tempo lento, acendia um cigarro para apressá-lo. Outras com o tempo rápido, acendia um cigarro para retardá-lo. E seguia assim, acho que é daí a saudade. De poder passar o tempo, ou prender o tempo, de brincar com o tempo enquanto o cigarro queima.

E agora, como eu vou brincar com o tempo? Onde está meu companheiro mais compreensivo, meu parceiro mais fiel, meu ombro mais amigo? Certamente perdido em alguma prateleira de banca de jornal ou nos mostruários de uma tabacaria. E eu aqui, sem fumar, sem cigarro, servindo de brinquedo pro tempo.

Abraço. Boa leitura.



*Não foi premeditado o título, só coloco um depois que termino de escrever.

24 de outubro de 2009

Dormir em Paz

Dormir em Paz

Hoje
Eu vou dormir
Em paz
Sem paz

Sempre lembro
Sempre
Nunca
E talvez
Não lembro

Assistindo corridas
De carro
Ao olhar fotografias
Repartidas
Ao ver aquele filme
De amor
E perder no banco
Imobiliário

E talvez
Não lembres
Nunca
Sempre
Sempre lembres

Sem paz
Em paz
Deite
Durma


Abraço. Boa leitura.

22 de outubro de 2009

Comentários

A seguir uma compilação de comentários feitos por mim no blog de uma amiga muito especial, que está longe, nem tão longe, mas longe. Talvez, como sempre, fique sempénemcabeça.

Eu aprendi uma coisa, existe um jeito de não se decepcionar com as pessoas: não espere nada delas. Mas calma, num é bem assim. O que eu quero dizer é que não importa se o melhor amigo vai roubar o amor de nossas vidas, ou se ele irá nos magoar, ou se as pessoas vão rir de nós. Apenas faça justamente o que Deus pediu, ame ao próximo como a si mesmo, e sem esperar que o próximo o ame da mesma forma.

A melhor parte de todo desafio é superá-lo e poder dizer: "Qual é o próximo?"

No dia triste eu tinha alguém segurando na minha mão, era alguém muito importante pra mim, mas ouvir a voz de uma certa pessoa foi tanto quanto ou mais importante pra mim naquele dia.

E em outro dia ouvi um comentário curioso, e ainda não consegui entender, nem digerir, mas faz um pouco de sentido. Estava conversando com um conhecido, quando ele me disse: "Não é pecado pecar". E isso me intrigou.

"Acho que as pessoas deveriam preocupar-se mais em construir um mundo melhor para todos, do que em construir uma imagem própria melhor para o mundo".

Duas caras, duas vidas, três vidas, n-vidas (sequelas da engenharia, risos). Isso acontece justamente aliado ao que transcrevi acima, mas vamos caminhando e quem sabe um dia as coisas mudem.

Eu passei a acreditar que quando pegamos no próprio pé por estarmos sendo hipócritas, mais ainda quando mudamos nossas atitudes por causa disso, quer dizer que estamos no caminho certo.

Já imaginou o que seria de nós se nos não lembrassemos das coisas que passamos, se as coisas simplesmente fossem acontecendo e agente não tivesse nada pra lembrar? Não podemos esquecer, não seria justo com nós mesmos.

Sobre dizer adeus, na maioria das vezes em que nós dizemos adeus, no fundo no fundo não queremos fazê-lo, não queremos ficar longe da pessoa que estamos nos despedindo, pelo menos comigo é assim.

Percebi que de fato não somos muralhas, e que nem precisamos o ser, pois não se trata de ser invulnerável. Acho que somos muito mais parecidos com um bambu, ou pelo menos deveríamos ser, se trata de devermos estar preparados para qualquer coisa.

No mais, sorrir, sair do sério, chorar, não dá pra viver tudo ao mesmo tempo, mas temos que viver um pouco disso tudo, e aprender com tudo isso. O melhor de se enfrentar uma tempestade violenta é quando você olha pra trás e simplesmente acha que foi engraçado.

Abraço. Boa leitura.

21 de outubro de 2009

Estágio para a Loucura

Eu poderia simplesmente sentar e esperar o tempo passar, as horas correrem, já que no fim das contas não vai fazer diferença. Vai ser tudo uma palhaçada só. O que os homens costumam chamar de morte.

Costumar, vem de costume, tradição, decência. Pro inferno com tudo isso. Eu quero mais é uma dose de emoção, misturado com álcool etílico, um veneno forte e amargo, um pouco de mel de abelha e uma cereja pra enfeitar.

A partir daí quero uma viagem alucinante em um corsel com pele de cobra, ou em um carro movido a adrenalina. Não importa, quero poder viajar do céu ao inferno em segundos, e retornar à Terra instantes depois.

Quero o sexo das mais variadas e insanas formas que as mulheres possam me oferecer, quero possuí-las, penetrá-las, quero indecentemente preencher suas almas com loucura, sem pudor, sem respeito, sem amor, porque amor quando vem, vem de brinde.

Um brinde, um drinque. Sentar em uma mesa e beber acompanhado de Deus e do diabo. Um brinde no céu, um drinque no inferno. Entre o bem e o mal eu prefiro o poder, prefiro não ter que escolher entre o certo e o errado, prefiro definir o que é o certo e o que é o errado.

No final quero encontrar um dragão, quero poder olhar nos olhos dele e ver se tal réptil é mesmo tão poderoso, tão imponente, quanto falam nos contos de fadas. Fadas, seres místicos que eu sinceramente acredito não existirem, mas quem sabe, nunca se sabe o que se esconde por aí.

Abraço. Boa leitura.

20 de outubro de 2009

Controvérsias

Seres humanos são criaturas definitivamente estranhas. Não consigo compreender, não consigo conceber, muito menos compactuar, algumas atitudes, no mínimo, cretinas. Vejam algo curioso: as pessoas nunca se importam com as palavras que falamos, mas sempre fazem questão que mantenhamos nossa palavra. Como conviver com isso?

É algo do tipo: não importa se eu jurei te matar, o que importa é que eu te mate. A primeira vista é assustador, mas em seguida é mais assustador ainda, é um verdadeiro filme de terror.

O valor das palavras, o valor do respeito, não se dá pelo que elas dizem, e sim pela intensidade com que são praticadas. Qualquer idéia de bom senso, moral ou, simplesmente, humanidade é simplesmente ignorada no processo.

Convenhamos que atitudes devem ser levadas em consideração, mas imaginem respeitar alguém pelo "simples" fato que ele vai te matar se assim disser que fará, ou por qualquer outra imposição de força que alguém possa lhe dar. Não respeitam mais as pessoas, dessa forma também não se acredita nelas.

Posso dar uma demonstração empiríca do que estou dizendo, hoje mesmo me peguei criticando o Lula - que de fato é um tirano, alguém já parou pra observar atentamente um discurso dele? "Eu sou... Eu faço... Eu fui... Eu fiz... Eu vou ser... Eu vou fazer...", e por aí vai, lembra figurinhas como Stálin, Hitler, Saddam, Fidel, e por aí vai. Mas eu criticava o Lula não por ele ser um tirano, mas por ele não manter a palavra.

"Lula & Cia Ltda." passaram 20 anos - de oposição - berrando contra o FMI, contra os banqueiros, contra o pagamento da dívida externa, contra a carga tributária, brigando pela reformas agrária, tributária, previdenciária, política, brigando por empregos. Enfim, carregando bandeiras que hoje vemos que ele não praticou, fez justamente o contrário, hoje é credor do FMI, bestfriend dos banqueiros, acabou com o CPMF mas quer "recriá-lo", e as tais reformas nem sinal, e os tais empregos nem sinal.

Não podemos esquecer dá postura moral de Lula antes de ser presidente. Alguém se arriscaria a dizer que o Lula viraria aliado do Collor, do $arney, do Calheiro$, parece piada, mas não é. Enfim, não queria me alongar no Lula, mas é que perco a paciência as vezes.

Pois bem, o Lula foi presidente ruim? Não! Então ele foi bom? Também não! E o que ele foi? Igual ao outros! E porque tamanha aprovação? O Lula tem um marqueteiro particular excelente, pago com dinheiro público e o cara tem que manter o emprego, resultado...

Vou manter minha palavra, e não votar mais na esquerda. Resta a direita, mas ela também é podre. Só resta uma solução, a única maneira de não pegar uma maçã podre é apanhá-la direto no pé. Então assim será, não votarei nem na direita, nem na esquerda. Votarei em alguém que ainda não tenha "saboreado" o "fruto proibido" do poder.

E eu queria ter levado o papo de outra forma.

Abraço. Boa leitura.

13 de outubro de 2009

Espelhos Quebrados

Espelhos Quebrados

O velho caminhava descalço, pisando em pedaços de vidro. Espelhos quebrados, cortavam seus pés, e assim o vidro ia ganhando cor, vermelho, cor de sangue. Havia muito tempo desde a última vez que aquele homem ouvira algo sobre seu passado, e ele nunca imaginou que este pudesse ainda causar-lhe tanto tormento.

Era uma linda noite, as estrelas brilhavam no céu coroado com uma das mais belas luas que ele jamais veria novamente. Ouvir aquelas palavras lhe tomou o corpo inteiro com um calor que jamais tivera sentido, por um instante não sabia se gritava ou se sorria.

Cada passo que dava sobre os espelhos quebrados parecia curar-lhe de outra dor, mas não era o bastante. Caiu de joelhos, lhe faltavam forças.

Havia medo, ansiedade, receio, era tudo muito novo, jamais havia experimentado tal sensação, não era como em outras vezes, não era algo comum, era diferente, precisava ser único, incomparável, inesquecível. No fim, talvez tenha sido, ou não.

Levando as mãos ao rosto, o velho tentou conter as lágrimas. Não conseguindo esmurrou o chão, até que suas mãos derramassem sangue, enquanto ao seu redor começava a formar-se uma poça vermelha, quase viva.

Quantas vezes foi mentira? Quantas vezes foi verdade? Jamais saberia. As almas haviam se perdido.

Em agonia, levantou-se depressa da cama. Olhou para o chão procurando por marcas de sangue, procurando vidro quebrado. Olhou para as mãos procurando cicatrizes. Nada encontrou. Levantou-se e foi até o banheiro tremendo, olhou para o espelho, e então se deu conta de que tivera um pesadelo, olhou para o relógio e viu que estava atrasado para o trabalho. Tomou um banho rápido e foi trabalhar. No caminho, pensou no pesadelo e viu que não podia chegar ao fim daquela forma, era jovem o bastante para não chegar a velhice atormentado. Não podia se perder em espelhos quebrados.

Uma coisa em comum entre espelhos, cristais e promessas, é que uma vez quebrados, não podem ser reparados. Não há retorno.

Abraço. Boa leitura.

7 de outubro de 2009

De Quem é a Culpa?

Hoje eu vou contrariar Dale Carnegie, que disse "não critique, não condene, não se queixe". Vou fazer um pouco de tudo isso eu acho. E a questão é que as vezes certas coisas me irritam, e quando elas me irritam e afloram até certo patamar, me sinto na obrigação de escrever.

É ridículo saber que a grande maioria das pessoas ao meu redor encara tudo de uma forma simplista que chega a ser doentia. Sempre vivendo em "padrões sociais", seguindo uma linha reta que só vai até onde outros já foram, pior que isso, se contentam com um "saber" que não chega nem a ser razoável. Me perdoem a arrogância, mas é verdade.

Não acredita? Então pare, olhe e escute ao seu redor. Olhe pra si mesmo diante do espelho. Pense e reflita acerca de quem você é, quem você quer ser, e quem você pode ser.

Talvez esteja perdendo tempo escrevendo isso, mas eu estou fazendo isso mesmo assim. carrego traços difíceis de se encontrar hoje em dia: idealismo, romantismo, respeito - a quem é devido - e, acreditem, ainda acho que contos de fadas, Papai Noel, coelhino da Páscoa, e outra série de coisas que a gente escuta quando é criança realmente existem.

É um costume feio, é um costume ruim, aliás, é um costume idiota o que todo mundo tem de colocar sempre a culpa em alguma coisa. Deus, o sistema, a sociedade, e eu pergunto: e nós não temos culpa?

Não podemos mudar o mundo, é verdade, podemos no entanto mudar a maneira de encará-lo. Temos escolhas, todos temos escolha, sempre. Colocar a culpa em outras coisas antes de se olhar no espelho é no mínimo hipócrita. Dizer que não temos escolha, é conversa de perdedor, é conversa de quem não acredita em si mesmo.

Aí vem alguém e pode falar de pressão dos outros. Tolice! Enquanto encararmos a pressão como um inimigo não iremos a lugar nenhum. Transforme a pressão em motivação, pare de se obrigar a fazer tudo certo, e verá que naturalmente as coisas acontecerão da maneira esperada.

Chega! Acho que estou pedindo demais, mas o fato é que não estou, no fundo, pedindo nada. No fundo, eu sei que não posso mudar o mundo, não posso mudar sequer parte dele, mas as causas perdidas sempre me pareceram atraentes.

São quase três da manhã, e enquanto eu escrevo algo que pouca gente vai perder o tempo lendo, os "cidadões-padrão" dormem tranquilamente e pouco se importam com o que digo. Para eles só posso dizer que tenho me olhado no espelho diariamente.

Abraço. Boa leitura.

5 de outubro de 2009

Respeito(?)

É incrível como algumas pessoas não se dão conta do que é o verdadeiro respeito, do que é a verdade sobre se ter respeito, se dar ao respeito, ter um senso de ridículo. Pra ser sincero, talvez nem eu mesmo me dê conta disso muitas vezes, mas têm coisas que realmente me irritam, e eu não consigo me conter.

Tocam o Hino Nacional e quando tem alguém cantando em um microfone é possível ouvir o hino, enquanto todo o resto apenas mexe os lábios, mas é vergonhoso ver um auditório inteiro apenas mexendo os lábios quando não há ninguém no microfone, é ridículo, é hipócrita essa atitude, um desrespeito ao que alguns se atrevem a chamar de nação. Mas segue a vida, é o que dizem.

Bobagem, a verdade é que vivemos num mundo hipócrita, e não importa o que façamos não vamos mudar o mundo. Por uma razão simples: o mundo não muda, as pessoas sim. Mas a maior parcela dessas pessoas, simplesmente não quer mudar, não se importa em mudar, preferem que a vida siga em frente.

Me chamem de revoltado, de rebelde, de louco, do que quiserem. Mas não mudo o que eu penso: o mundo é uma grande piada, e no fim não tem a menor graça. E não venham me dizer que cada um dá a graça que quer a sua vida, porque não é assim que funciona. Sou ciente que não posso vencê-los, sejam "eles" quem forem, mas não pensem que vou me juntar a eles. Prefiro continuar sendo uma ovelha negra, prefiro que me olhem torto, que sussurrem palavras ruins sobre mim, mas não vendo minha alma, nem ao diabo e nem à Deus, quem quiser que a conquiste.

Abraço. Boa leitura.


Revisão: só volto a postar aqui quando a revisora desalmada resolver aparecer.
Texto revisado seu revoltado, agora pode voltar a postar! =P
Cláudia Brito.

3 de outubro de 2009

O Amor Que Eu Tenho

O Amor Que Eu Tenho

Eu roubei
A lua
Para
Você
Roubou
O amor
Que eu tinha

Te daria mais
Além da lua
As estrelas
o céu
O Sol
E o amor
Que eu tinha

Agora é tarde
Você partiu
Fugiu?
Mentiu?
Não sei
Mas saiu
Ficou o amor
Que eu tenho

E eu chorei
Virei a noite
Depois o dia
E outras noites
E outros dias
Tentando esquecer
Sem precisar
Do amor
Que eu tenho

Na verdade
Não preciso
Que ame
Ou odeie
Que me tenha
Ou me evite
A mão que afaga
É a mão que mata
O amor
Que eu tinha
O amor
Que eu tenho
Não é seu
Me pertence
Acabou?
Tudo bem
Eu já vou
Indo
Vindo
Pra onde?
De onde?


Abraço. Boa leitura.

2 de outubro de 2009

Mil Vidas e um Amor

Mil Vidas e um Amor

Passos
Passo
Passa
O tempo
Passatempo
Diversão
Sem sentido

Ecos mudos
Ouçam surdos
Surdos
Surdo
Tambor
Tambores
Rufam sem som

Olhos
Olho
Olha
Chora
Lágrimas
Pranto
Pronto por nada

Coração
Pulsando
Pulando
Batendo
Doendo
Morrendo
De dor sem amor

Sentindo
Sentido
Sentida
Partida
Quebrada
Despedaçada
Sem pedaços
Em mil
Pedaços
Partes
Parte
À parte
Aparte
Fale
Ouça
Veja
Seja
Sinta
Viva
Não
Sem vida
Mas
Cem vidas
Mil vidas
E
Um amor


Abraço. Boa leitura.

1 de outubro de 2009

Na Janela

Na Janela

Passei a tarde inteira
Na janela
Observando uma cobra
Naja
Nela eu via a dor

Via motivos
Cem motivos
Sem motivos
Pra chorar
Por amor
Meu amor
Não me traga a dor

Pouco importa
O que digam os outros
Se falam de mal
Ou de bem
Não vem
Não tem
chance

Olho pros lados
Pra frente
Pra trás
E tudo
Sua lembrança
Me traz

Então deixa
Deixa eu ir
Procurar uma gueixa
Que não se queixa
Nem se fecha
Mas que não me ama
E então
O que importa
Fechasse a porta
Bateu
Na minha cara
Minha cara
Mas não tem culpo

A culpa
Minha
Sua
Não!
Nossa!
E com ela
Não há quem possa


Abraço. Boa leitura.

29 de setembro de 2009

Lá Vem o Trem

Lá Vem o Trem

Se há treva
Não se atreva
Pare
Olhe
Escute
Lá vem
O trem
Da vida

Não para
Nem passa
Nem cobra passagem
Só vem
Vindo
Sem parar
E sem chegar

Quem é o maquinista?
Quem é o maquinista?
Onde está o maquinista?


Abraço. Boa leitura.

28 de setembro de 2009

Do que você gosta?

É caríssimos amigos que perdem seu precioso tempo lendo as palavras desse, muitas vezes cretino, escriba, estou de volta. E bem, a postagem de hoje, é mais uma daquelas que vai terminar num monte de coisas "sempénemcabeça", porque é o produto de retalhos de uma conversa que tive com uma pessoa muito legal há pouco, diga-se de passagem foi com alguém que realmente me surpreendeu pela forma de pensar. Se bem que, de uma certa forma, também faz parte de um pouco do momento em que estou passando, mesmo que a conversa não tenha sido com intenção de falar disso.

"- Do que você gosta?"

É comum perguntarmos isso a alguém quando acabamos de conhecer essa pessoa, música, livros, filmes, comida, e mais um monte de coisas que não preciso enumerar aqui, todo mundo sabe. As respostas, por mais diferentes que possam ser, acabam não seguindo um padrão, afinal cada um com seu gosto, cada um que goste do que te agrade, se bem que não tem como gostar de algo que não nos agrade, não é mesmo? Errado! Às vezes gostamos do que nos convém.

Mas, eu pelo menos paro quando ouço alguém falar que ouve Led Zeppelin. Me perdoem os demais, mas ouvir Led Zeppelin faz de uma pessoa alguém melhor (risos), não posso perder a piada pessoal, eu nunca perco. Se acostumem. Ou não. Se não gostarem da idéia de se acostumar.

Daí, vem alguém e diz que é legal conhecer pessoas que não são normais, mas eu sou "normal" ora essas, pelo menos no meu conceito sou alguém perfeitamente "normal". Bobagem, ser normal é mesmo chato, me lembro da primeira vez que me disseram que eu era misterioso, fiquei me sentindo. No normal não há mistério, não há novidades, é tudo monótono, sempre tudo do mesmo jeito. Mas daí adorar a loucura é um tanto quanto exagerado, mas é bom ser louco de vez em quando.

Mas não dá pra ser louco demais, porque as pessoas pensam diferente dos loucos, fazem julgamentos onde não existe direito de defesa. E é esse o problema: pensar. Nem todo mundo pensa. Sobre coisas básicas (risos), tipo: quem somos? Qual o porquê de tudo que nos cerca? Pensar nisso não é tão simples, gente que pensou nisso ocasionalmente teve três destinos possíveis: enlouqueceu; ficou famoso e recebeu o "título" de filósofo; ou ficou louco e virou filósofo (risos). As pessoas aceitam demais verdades absolutas, e nada é absoluto, creio que tudo é mutável, tudo tem seu tempo.

Mas e limites? É importante ter limites. Mas em que aspecto, particularmente acho que limitar o pensamento - ou um sentimento - nos leva a uma vida comum, e se queremos fugir do comum temos que ser diferentes. Os limites devem ficar para atitudes, atos em si. Cada situação, significados e atitudes diferentes, acho que é por aí. E somos nós, os donos das atitudes que ditamos quais são os limites, sem essa de padrões sociais que a maioria das pessoas segue como uma cartilha de escola que já faliu a muito tempo.

E somos nós os policiais de nós mesmos, estabelecemos os limites, e precisamos nos preocupar em obedecê-los. É quando, muitas vezes, obrigação e necessidade se confundem. É difícil admitir mas chega uma hora que temos a necessidade de estabelecer limites e se torna uma obrigação cumpri-los. Compromisso ou necessidade? Eu acho que é necessidade, o compromisso nos dá uma escolha, podemos desmarcar uma reunião, manter ou não a palavra, acho que parte de cada um, mas quando se é obrigado, não se tem escolha - ou tem, alguém já viu "O Advogado do Diabo"?

Se alguém conseguir tirar algum proveito disso tudo, eu vou começar a acreditar que estou ficando bom nisso de escrever.

Abraço. Boa leitura.


Texto revisado pela sempre furona e sem tempo: Cláudia Brito.
e para efeito de comentário... o texto sempénemcabeça ficou ótimo, uma outra conversa de botas batidas... com um outro personagem :)

24 de setembro de 2009

Amoreal

Amoreal

Queria poder voar pra bem longe
Para o alto
Avante
Amante
Não amore
Nem chore

Sem destino
Sem perigo
Simplesmente voar
E nunca mais parar

Sem medo de cair
Ou de errar
Cruzar a ponte caída
Sentir o vento sarar
:
A ferida
Sem aferir
A força do vento
E o seu
Peso
Com pesar

Vou partir
E voar
Na névoa
Branca
Límpida
Brilhante
Cristalina
Como um cristal
Cortante, mortal

Quem é você?
Não vem me dizer
Não quero saber
Nem esquecer
Do esquecimento
Ou do pensamento
Menos ainda
Do sentimento
:
Humor
O mor
Há mor
Amor


Abraço. Boa leitura.

22 de setembro de 2009

O Trem da Vida

Não pensei que postaria o que encerra essa postagem tão logo, mas a vida é mesmo uma caixinha de surpresas. Mas surpresas nem sempre são boas, e velhos fantasmas ainda nos assombram, aliás, sempre nos assombram. É preciso aprender a conviver com isso, é preciso aprender a encará-los de frente sem hesitação, mas isso não é fácil. Pior ainda, isso machuca, isso atormenta, e muitas vezes nos transforma em escravos da indiferença.

Por mais fortes que consigamos ser, por mais "experientes" que de fato possamos ser, haverá momentos em que tudo isso irá ruir, e que não passaremos de passageiros num trem da vida desgovernado. Não somos invulneráveis, nunca seremos, mais que isso, nunca estaremos preparados para tudo, ao contrário do que dizia o Cap. Hunt de um velho seriado de viagens espaciais.

Tenho velho ditado inglês que diz que "nem tudo que é ouro fulgura", e uns caras ingleses que se juntaram pra fazer uma banda de rock certo dia disseram o contrário, na música Stairway to Heaven, do Led Zeppelin, eles começam dizendo que "há uma garota que acredita que tudo que brilha é ouro, e ela está comprando uma escadaria para o céu".

Então há controvérsias, mesmo entro os tão pontuais e politicamente corretos ingleses, sobre o valor das coisas. E se até eles não sabem precisar o verdadeiro valor das coisas, quem sou eu pra dizer isso?

Talvez nem tudo seja o que parece, mas as vezes tudo o que pareça de fato o seja. Isso depende de como encaramos as coisas, um anjo pode muito bem parecer um demônio aos olhos de alguém, e o inverso obviamente também pode acontecer. Mas anjos e demônios são opostos, seria fácil confundi-los, e fantasmas que não tem opostos? Que apenas nos assombram?

Chega uma hora que temos que guardar as fotografias, as cartas, a melancolia, e todas as lembranças. Olhar pra frente, e seguir viagem. Porque o trem da vida não espera, embora nunca cobre passagem.

Abraço a todos. Boa leitura.



Mais tarde deve ter revisão se aquela desalmada aparecer por aqui.

19 de setembro de 2009

Segredos Íntimos

Alexandre Dumas em sua obra brilhante, O Conde de Monte Cristo, encerra-a com uma máxima fantástica: "O segredo é ter fé e esperar", e assim ele suscinta e mistifica muitas coisas de nossas vidas. O mais duro coração de pedra pode ser tocado pela simplicidade de um sorriso verdadeiro, não há mal absoluto, e nem bem perfeito. Por trás de todas as máscaras que usamos escondem-se segredos íntimos que certamente são os segredos reais, que talvez nunca revelemos para ninguém, ou no máximo para uma única alma.

São esses segredos, assustadores por vezes, que nós devemos saber que podem nos levar a caminhos sinuosos, trilhas perigosas. E é por isso que precisamos ter cuidado, eles podem nos destruir, ou podem nos tornar mais fortes. Podem nos deixar cicatrizes mortais, ou podem nos transformar em seres cheios de beleza. Tudo depende da hora da nossa escolha.

E qual a hora da escolha?

Não adianta escolher quando estamos no meio do caminho sem bifurcações, ou quando estamos num beco sem saída. A hora certa, ninguém sabe ao certo, mas precisamos não deixar que seja tarde demais. É melancólico acreditar que a hora de parar é também a hora de começar, de iniciar uma nova era, deixando para trás coisas que outrora achamos que fossem eternas.

A eternidade, que eu prefiro encarar como atemporalidade, é algo tão distante, tão abstrato que sequer é possível mensurar, é como o infinito. Mas é maior que a infinidade, porque sabemos que algo infinito é algo muito grande, incomensurável, porém não podemos precisar o tamanho da eternidade, o tamanho do tempo.

Mas voltando aos segredos mais íntimos, e mais sombrios, que guardamos dentro de nós com
tanto medo, com tanto cuidado. Seria impossível não tê-los, seria como ler uma poesia que não tem entrelinhas, como olhar um céu que não tem estrelas pequenas que quase não vemos, seria como apaixonar-se por um amigo imaginário que não existe.

Precisamos conviver com nossos segredos, precisamos saber quando eles devem ser mantidos, e quando devem ser confiados, e muitas vezes vamos errar na hora de fazermos essas escolhas, mas o que vai fazer diferença é quando deixarmos de guardar esses segredos sombrios de nós mesmos e passarmos a encará-los como algo que faz parte de nós, aí é a hora da escolha: ir adiante ou deixar pra trás?


Abraço. Boa leitura.



Espero profundamente que a revisora dê as caras.
Falador, eu passei por aqui! Texto revisado... e muito bom! me trouxe lembranças de umas conversas perdidas...

18 de setembro de 2009

A Lua


A Lua

A Lua encantadora
que ilumina o céu.
A Lua inspiradora
que faz do poeta amante.

A Lua majestosa
como um coração pulsante.
A Lua nebulosa
de nuvens como um véu.

A eterna Lua
para o eterno Cristal.



Abraço. Boa leitura.

11 de setembro de 2009

Mas o que é isso?

Existem tantas coisas para se escrever as vezes, que simplesmente não conseguimos escrever coisa alguma. É quando temos tanto pra dizer que nossa mente não consegue processar tudo, e ficamos sem palavras. Tudo que eu preciso nessas horas é ler um pouco, qualquer coisa, aí consigo organizar as minhas idéias, e escrever.

Acontece que hoje li algo que talvez não devesse ter lido, os meus olhos passearam sobre letras repletas de lembranças boas, de felicidade, de descoberta e, principalmente, de amor. E agora vocês devem estar se perguntando porque eu disse que talvez não devesse ter lido, e posso responder com precisão.

Já falei antes, em outro texto, e novamente cito Shakespeare, quando ele diz que um dia você "descobre que se leva um certo tempo para construir confiança e apenas alguns segundos para destruí-la; e que você em um instante poderá fazer coisas das quais se arrependerá pelo resto da vida".

Agora imaginem vocês, o que é ver um filme de amor, uma história perfeita de amor, do tipo que faz qualquer um cair no pranto de tão feliz e apaixonante. Uma história repleta de beleza, de sentimentos capazes de curar qualquer dor, ou pelo menos quase todas as dores. Aí o filme termina, e você descobre que aquela dor, a única que toda aquela paixão do filme não poderia curar, é justamente a dor que você sente. Não saber mais o que está do outro lado da porta.

Uma taça com vinho barato. Uma xícara que serve de cinzeiro. Algumas frases sem efeito. Outras sem sujeito. Um deserto repleto de oásis, e não se sabe qual é o verdadeiro. No fim, ou descobre rápido qual é e sacia a sede, ou então morre de tanto engolir areia pensando que é água. Será que alguém vai entender do que eu tô falando?

Me lembro agora de Renato Russo, "tudo é dor, e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor", se não me falha a memória isso é de alguma coisa espiritual do oriente, mas não me lembro ao certo. Só que é fato que isso está absolutamente certo. Mas se me permitem parafrasear, tudo é amor, e todo amor vem do desejo de não sentirmos amor. E é verdade, quanto mais queremos esquecer de um amor perdido, mais forte ele fica, e a dor também. E então, o que fazer?

Abraço. Boa leitura.


A essa hora da manhã, num tem como ter revisão.

6 de setembro de 2009

O Poeta e o Cancioneiro

O Poeta e o Cancioneiro

Dias sim, dias não
A insônia me atormenta
E a dor desorienta

Mas o que é do poeta sem dor
E do cancioneiro sem amor?

É preciso ir pra poder ficar
Só que eu fui longe demais
Será que consigo voltar atrás?

Mas o que é do poeta sem dor
E do cancioneiro sem amor?

Não feche seu coração pra mim
Não deixe nosso amor morrer
Não viva sem mim
Porque não vivo sem você

E o que é do poeta sem dor
E do cancioneiro sem amor?


Abraço. Boa leitura.

5 de setembro de 2009

Despedida

Olhando para trás eu só consigo perceber as dores que eu sofri, os amores que eu deixei. E o que me resta é saber que de alguma forma vale a pena tentar de novo.

Abraço. Boa leitura.

1 de setembro de 2009

A Minha Versão

Bem, ainda estou na fase "poemática", e hoje é mais um poema. Esse não tem rima, talvez nem soe bem. Mas é importante. É muito importante, se refere a muitas coisas importantes. E bem, é uma versão minha de uma conversa que tive com alguém importante. E fala de pessoas importantes, também. Eu queria um título legal, mas não sei o que escrever. Então vai qualquer coisa.


Qualquer Coisa

Eu poderia ter aproveitado
Muito mais nossos momentos juntos
Agora estou aqui e você aí
O destino nos pregou uma peça
Me levou pra longe de ti

Eu poderia ter saído mais
Com meu amigo Leite
Mas e agora?
Eu nem sei onde ele está
E nem sabe que eu tenho saudade

Eu poderia ter ficado mudo
Esquecido da raiva e abraçado ela
Abraçado minha namorada
Ia ser um momento inesquecível
Eu nunca mais esqueceria


Abraço. Boa leitura.



Reeditando esse post, cheguei a conclusão de que faltou um final, agora é hora de corrigir.

Eu poderia ter aproveitado
Muito mais nossos momentos juntos
Agora estou aqui e você aí
O destino nos pregou uma peça
Me levou pra longe de ti

Eu poderia ter saído mais
Com meu amigo Leite
Mas e agora?
Eu nem sei onde ele está
E nem sabe que eu tenho saudade

Eu poderia ter ficado mudo
Esquecido da raiva e abraçado ela
Abraçado minha namorada
Ia ser um momento inesquecível
Eu nunca mais esqueceria

Mas não quero final, não agora
Deixa ver o que acontece
Deixa ver se existe a vida que merece
E isso pode ser qualquer hora
Não se apresse, não vá embora

31 de agosto de 2009

Deserto de Medo

Deserto de Medo


Sem palavras pra falar
Sem letras pra escrever
Trancado, com medo
Sozinho, com medo

É duro ver e acreditar
É triste ter que ser
Perdido, com medo
Ferido, com medo

Prisão de tudo por nada
Solidão de tudo por nada
Perdição de tudo por nada
Feridas de tudo por nada

Num caminho sem rumo
Num deserto
Deserto de medo


Abraço. Boa leitura.

29 de agosto de 2009

Amigo do peito

Amigo do peito

Amigo é amigo
É quem passa
Mas fica comigo

E é fácil passar
Ah! E isso eu digo
O difícil é ficar

E assim de repente
Numa noite qualquer(?)
Aparece perto da gente

Carregando alegria
Uma conversa de botas batidas
Amanhã será outro dia

E é aí que vai estar!
A sutil diferença
Entre passar e ficar

E sem qualquer razão
Não se deixa passar
Inventando a razão
Porque o amigo
Do peito
Tem defeito
De fabricação
Mas não pede devolução
Em seu jeito é perfeito
Por isso se guarda
Passa mas fica
No coração!


Dedicado especialmente à aniversariante de ontem, parabéns Célia, xará da minha mãe (risos). Mas que todos os meus amigos se sintam tocados pelas palavras.

Abraço. Boa leitura.

25 de agosto de 2009

Procura

Procura

Eu vou te procurar
Até o fim do mundo
Só pra você perceber
Que o importante é você
Não há medo ou coragem
Loucura ou vaidade
O que eu quero todos sabem
Sabem toda a verdade
Que eu quero ver seus olhos e
Sentir o seu perfume e
Ouvir a tua voz serena e
Beijar a tua boca

Mas eu olho no espelho
E vejo o que não quero
Um mundo paralelo
Onde tudo é igual
Ao mundo real

Não deveria ser assim
Você deveria acreditar em mim
Só por uma noite, só por um momento
Me livrar deste tormento
De te ver e não te ter
Te falar e não te ouvir
Te amar sem te abraçar
Te amar e me ferir
Até quando vai ser assim
Até quando não vai olhar pra mim
Meu amor...


Abraço. Boa leitura.

24 de agosto de 2009

Doce Encanto

Doce Encanto


Estou tão encantado que não sei o que fazer
Você ali parada encarando aquelas flores
Queria lhe falar mas não sei como te dizer
Somos tão parecidos, até com mesmas dores

Porque você está tão triste por favor me diz
Eu só queria saber o que eu podia fazer
Eu só queria saber como deixar você feliz
Sorria, mostra a língua pra mim ver

Eu amo esse seu jeito de ser é tão maravilhoso
Imagino como seria, será que seria diferente?
O seu espírito que você diz é tão orgulhoso
E o meu que eu não conheço perfeitamente

Porque você está tão triste por favor me diz
Eu só queria saber o que eu podia fazer
Eu só queria saber como deixar você feliz
Sorria, mostra a língua pra mim ver

Eu quando olho pra você me esqueço de tudo
O seu encanto é muito grande e muito belo
Perco meus sentidos, fico cego, surdo e mudo
Só te ofereço o meu amor singelo, singelo
Eu só queria saber como deixar você feliz
Sorria, mostra a língua pra mim ver
Vem e me diz, me ensina a viver...


Abraço. Boa leitura.

23 de agosto de 2009

Amo você

Amo você

Amo seu sorriso
perfeito
Amo esse seu jeito
sem jeito

Amo você
não mais que a mim
mas sem você
o que seria de mim?

Abraço. Boa leitura.

22 de agosto de 2009

Esquecimento

Esquecimento

Eu cheguei
Saí de fininho
Quando se deu conta
Ultimamente
Eu estava sozinho
Sem teto
Sem verso
Apenas sozinho

Havia dor
Uma dor forte
Mas não era minha
Bastava olhar
E todos saberiam
Rezei por você
Tanto que queria
O seu coração

21 de agosto de 2009

Música Colorida

Música Colorida

Não se iluda minha amiga
Não se perca nessa vida
Pássaros não voam sem asas
Paredes não fazem uma casa

Não se engane minha amiga
Há coisas boas nessas vida
Não há amor que seja algoz
Mas amores que passam por nós

Rosas e vinho tinto
(E música colorida)
Entre sorrisos eu sinto
Um novo aflorar de vida

Não olhe pra trás minha amiga
A estrada é longa nessa vida
Siga o arco-íris na estrada
E lá te esperarei minha amada


Abraço. Boa leitura.

20 de agosto de 2009

Respire a liberdade

Respire a Liberdade

Arrebente o saco
que te sufoca..

Respire..

Arrebente as correntes
que te prendem..

Liberte-se..

Abraço. Boa leitura.

18 de agosto de 2009

Copiando a irmã

Atenção! O texto abaixo é uma cópia não autorizada!

Quem escreveu foi minha irmã do coração. E eu gostei, ficou parecido com o que eu penso.


Só pensamentos

São dificuldades todos os dias, cuidados com amores,

Com família, e comigo?
Às vezes penso a quem pedirei abrigo
Ou é melhor me refugiar em mim?

É o risco que fica, mesmo quando apagado
Esse papel que a vida a gente escreve
E escolhe entre o certo e o errado,
Entre o sim e o não.
Entre o amor e a solidão.

E eu fico com o amor,
Porque apesar de toda dor,
É quem me traz à razão.

Natália Louise

Sorte de hoje

"Caminhando contro o vento, sem lenço, sem documento", sábio Caetano, me pergunto de onde ele tirou essa letra, não só ela mas tantas outras que facilmente se traduzem nos caminhos de muita gente por esse mundo. Mas não vou falar do Caetano e suas letras, a idéia hoje é falar de uma coisa que de vez em quando me assusta: as "sorte de hoje" do Orkut.

Por vezes são só besteira, mas outras nem tanto. Sempre me pergunto se é mera coincidência ou se é algum tipo de força oculta que se manifesta dessa forma, não é ironia, de verdade fico assustado com algumas "coincidências".

Mas e o que é mesmo sorte? A verdade é que a sorte é um produto do caos, da aleatoriedade, ou mais humanamente falando, sorte e acaso são a mesmíssima coisa.

E nesse acaso caótico que coisas de dar arrepio acontecem, o Orkut, por vezes, nos dá lições de moral, nos dá motivação, ou simplesmente nos assusta com a tal "sorte de hoje".

Como sempre, as palavras ficam mal-organizadas e sempénemcabeça, mas dá pra tirar algum proveito. Termino citando a composição de Sérgio Britto, dos Titãs: "O acaso vai me proteger, enquanto eu andar distraído". E faço uma pergunta pra encerrar: mas e se eu não "andar distraído"?

Abraço. Boa leitura.

11 de agosto de 2009

Ganhar ou ganhar?

Mais um conto do meu "baú sempénemcabeça". Divirtam-se mais uma vez.

Ganhar ou ganhar?

Ele olhou pela janela do quarto, viu o sol se nascendo. E um filme de sua vida passou diante de seus olhos, tudo que ele desejara a vida inteira era apenas ser livre. Livre do mundo, livre no mundo, livre de dores, de angústias, livre de certos vícios, e de certas virtudes. Naquele momento tinha certeza que não estava arrependido de nenhuma das coisas que tinha feito, das escolhas que tinha tomado, dos caminhos que tinha seguido.

Mas uma dúvida que jamais sanaria ainda o incomodava: quem ele era ou quem ele poderia ter sido, qual o melhor que ele pudera ser? Não importava o quanto ele estava bem naquele momento, e o quanto ele poderia estar mal, mesmo sem estar arrependido ele estava atormentado.

Mas o que ele poderia ter mais? Já tinha o emprego que sempre sonhou, já era dono dos próprios caminhos, já havia realizado quase tudo que sempre desejara com intensa paixão durante a vida inteira. É isso mesmo, paixão pelos sonhos e por fazê-los se tornarem reais, essa paixão o havia movido a vida inteira, por caminhos hora sinuosos, hora cheios de pedras, hora linhas retas e fáceis de seguir.

Mas de nada adiantaria, o seu tormento existiria da mesma forma, muito embora pudesse ser pior. Não importava como tinha seguido sua vida, a dúvida de ter escolhido o outro lado da moeda iria sempre incomodá-lo.

De repente, uma leve garoa começou a cair, mesmo com o céu claro, limpo e ensolarado. O resultado foi um arco-íris incrível, que ele jamais havia vislumbrado antes, e que trouxe consigo uma doce lembrança. E então ele parou, era como se todo o tormento de sua vida tivesse simplesmente deixado de existir. Finalmente, ele pode perceber que, de fato, tudo pode ser, percebeu que não havia escolha "certa" ou "errada", era uma escolha, mas era ganhar ou ganhar.

Virou-se para o quarto, e observou atentamente sua esposa, enquanto uma lágrima suavemente cruzava o seu rosto. E naquele instante arrependia-se verdadeiramente pela primeira vez em sua vida. Percebera que jamais deveria ter pensado tanto naquilo que o atormentava, pois esse tormento sim havia arruínado sua vida. Não se tratava de ser melhor ou pior, se tratava de querer agradar a gregos e tróianos, e todos sabemos que isso não é possível.

Deitou-se na cama ao lado da esposa, abraçou-a e com ambos despidos sentiu o calor de seu corpo junto ao dela, a sensação que outrora temeu jamais sentir de novo, agora simplesmente o fazia sentir-se invunerável. E muito embora não se tratasse disso, sabia que agora estaria preparado para tudo que pudesse acontecer, e que tudo poderia acontecer.

Abraço. Boa leitura.

8 de agosto de 2009

Sorrir

Sorrir

Quando não houver mais lágrimas, sorria.
Quando não houver mais tristeza, sorria.
Quando não houver mais dor, sorria.
Quando não houver mais solidão, sorria.

Sorria sempre,
esqueça as lágrimas,
esqueça as tristezas,
esqueça as dores,
esqueça a solidão,
só sorria.


Abraço. Boa Leitura.

7 de agosto de 2009

Respostas

Há muito tempo não coloco um conto aqui. Por hoje, tem algo interessante. Divirtam-se.



Respostas...


Não havendo mais nada que pudesse fazer, sem conseguir pensar em nada que pudesse acalmá-lo, ele saiu na varanda do seu apartamento e olhando o mundo do décimo terceiro andar levou a mão ao bolso e retirou mais um cigarro. Enquanto sentia a fumaça entrar e sair em seu pulmão, pensou em infinitas possibilidades, pensou em qual o sentido de tudo que acontecia e, ao terminar o cigarro, observou enquanto o filtro caia do alto até o chão da rua.

Fechou os olhos e ouviu atentamente enquanto as gotas do sereno tocavam cada superfície ao seu redor, mesmo com o vento forte daquela altura, era mais fácil ouvir dali do que do térreo. Sentiu os olhos marejarem e os abriu, deixando que uma lágrima solitária e quente percorresse todo o seu rosto. Olhou para trás e se perguntou quem era, e não encontrou a resposta.
Seria melhor se o tempo tivesse parado, se as escolhas nunca tivessem sido necessárias, mas dessa forma não teria vivido, não teria nada para contar. Sorriu e voltou a sua cama. Olhou para a escrivaninha, para os porta-retratos. Em cada um deles uma lembrança feliz, e quando somadas todas as lembranças, um vazio e uma tristeza sem fim apertando-lhe o peito.

Fechou os olhos, desejou dormir, mas não conseguiu. Levantou-se foi até o bar, pegou um de seus uísques preferidos, encheu um copo e bebeu sentido o gosto quente, amargo e saboroso ao mesmo tempo. Sentia que estava bebendo o néctar dos deuses, a única coisa que conseguia lhe trazer alguma paz durante toda a vida, uma maldita bebida, algo que sempre lhe dera prazer, mas agora apenas aliava as dores intermináveis que assombravam sua alma.

Nunca desejara não sentir tais dores, nunca se arrependera por ter cometido tantos erros. Mas sempre tomava alguns goles para aliviar as dores e arrepender-se por uns instantes. No fundo sentia saudades da vida que nunca tivera, sentia saudades de tudo que poderia ter se tornado. Sentia saudades de alguém que nunca existiu de fato, de alguém que sempre quis ser.

O dia estava amanhecendo os primeiros raios de sol já atingiam a varanda, olhou para o criado mudo desejando que ele falasse algo, sentou na cama e começou a colocar as botas, depois vestiu sua camisa, colocou os coldres, pegou suas pistolas, colocou o paletó por cima, apanhou sua insígnia, as chaves do quarto e desceu ao lobby do prédio. No saguão foi cumprimentado por algumas pessoas que chegavam de alguma festa, foi até a recepção tomou uns goles de café com o porteiro, acendeu um cigarro em seguida e dirigiu-se ao estacionamento. Começava mais um dia de trabalho, trabalho sem sentido, o sonho que sempre tivera, mas que de fato nunca vivera.


Abraço. Boa Leitura.

4 de agosto de 2009

Insônia: o Estágio para a Loucura

Chega a madrugada fria mais uma vez, e me perco por essas linhas mal escritas, e pouco lidas é verdade. Agradeço a todos que perdem tempo vindo aqui e lendo um pouco do que escrevo. Ultimamente tenho escrito nas madrugadas, frases sem sujeito, poesias sem rima, coisas que já não surtem mais efeito. Mas é que não tenho muito sono, por um motivo ou outro, alguns chamam isso de insônia, eu chamo de estágio para a loucura.

Parafraseando Cazuza e Frejat, a insônia nos convence diaramente que o céu faz tudo ficar infinito. Mas se não dormimos, como podemos sonhar?

Porque sonhar e viver são quase a mesma coisa, vivemos porque sonhamos, e sonhamos porque vivemos. Só há uma única diferença, vivemos de olhos abertos.

Noites de sono perdido, noites de insônia, noites sem sonhos. São noites frias, escuras e solitárias. São noites sem céu.

O poeta precisa da noite, para sonhar, para ter seus devaneios, para ser um pouco lunático, afinal, costumam dizer que alguém é "de lua" quando esse alguém é meio "louco".

As palavras como sempre são escassas ou sem sentido, termino citando Goethe, termino torcendo para conseguir encostar a cabeça no travesseiro e ter bons sonhos. "Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor."

Abraço. Boa leitura.

P.S.: Qualquer semelhança do título com o "Elogio da Loucura", de Erasmo de Rotterdam, não é mera coincidência.

Texto revisado: Cláudia Brito :)

3 de agosto de 2009

Licença Poética

Olá a todos, mais uma vez estou aqui trazendo as palavras nem sempre claras e, ocasionalmente, desajeitadas. Na verdade hoje eu queria escrever, simplesmente por estar com vontade, queria escrever qualquer bobagem. Preciso confessar que não tenho nada em mente para escrever, por isso estou enrolando um pouco, enquanto penso.

Sabem aquelas músicas da nossa infância - isso para quem é da minha geração -, tipo Balão Mágico, Xuxa, entre outras que me fogem à lembrança? Pois é, naquele tempo as crianças ouviam algo com significado e hoje em dia até a Xuxa canta: "Cinco macaquinhos pulavam na cama, um caiu com a cabeça no chão...".

Sinceramente prefiro quando ela cantava algo como: "Tudo pode ser, se quiser será, o sonho sempre vem pra quem sonhar. Tudo pode ser, só basta acreditar, tudo que tiver de ser, será". Quando a gente era criança, talvez nem parasse para pensar nisso, embora muitas vezes acreditássemos nessas palavras sem ao menos perceber.

O tempo passa, a gente cresce, e a maioria de nós deseja não ter crescido. Isso se chama saudade da infância. É aí que quando ouvimos isso de novo, paramos e pensamos um pouco no significado dessas palavras. Não sei precisar ao certo se é possível acreditar de verdade nisso depois que viramos "gente grande". Mas é bem verdade que a vida nos prega algumas peças, ou nos dá certas lições, que nos lembram realmente que tudo pode ser.

Só não entendi ainda o porquê do título da postagem, mas talvez seja isso mesmo, licença poética. Agora há pouco fiz uma rima em inglês que achei legal.

You don't have to hide your face
You don't have to hide when sunrise
You must not fall on disgrace
But you need to make your choice wise

Traduzindo para que não tenham o trabalho de traduzir, acho que não vai rimar, mas e daí?!

Você não tem que esconder seu rosto
Você não tem que se esconder ao amanhecer
Você não deve cair em desgraça
Mas você tem que fazer sua escolha sábia

Dava até pra fazer uma rima adaptada.

Você não tem que esconder sua graça
Você não tem que se esconder ao amanhecer
Você não dever cair em desgraça
Mas você tem que fazer sua escolha valer

No mais, por hoje é só.

Abraço. E boa leitura.


Revisão: Cláudia Brito =) Boa leitura.