Respostas...
Não havendo mais nada que pudesse fazer, sem conseguir pensar em nada que pudesse acalmá-lo, ele saiu na varanda do seu apartamento e olhando o mundo do décimo terceiro andar levou a mão ao bolso e retirou mais um cigarro. Enquanto sentia a fumaça entrar e sair em seu pulmão, pensou em infinitas possibilidades, pensou em qual o sentido de tudo que acontecia e, ao terminar o cigarro, observou enquanto o filtro caia do alto até o chão da rua.
Fechou os olhos e ouviu atentamente enquanto as gotas do sereno tocavam cada superfície ao seu redor, mesmo com o vento forte daquela altura, era mais fácil ouvir dali do que do térreo. Sentiu os olhos marejarem e os abriu, deixando que uma lágrima solitária e quente percorresse todo o seu rosto. Olhou para trás e se perguntou quem era, e não encontrou a resposta.
Seria melhor se o tempo tivesse parado, se as escolhas nunca tivessem sido necessárias, mas dessa forma não teria vivido, não teria nada para contar. Sorriu e voltou a sua cama. Olhou para a escrivaninha, para os porta-retratos. Em cada um deles uma lembrança feliz, e quando somadas todas as lembranças, um vazio e uma tristeza sem fim apertando-lhe o peito.
Fechou os olhos, desejou dormir, mas não conseguiu. Levantou-se foi até o bar, pegou um de seus uísques preferidos, encheu um copo e bebeu sentido o gosto quente, amargo e saboroso ao mesmo tempo. Sentia que estava bebendo o néctar dos deuses, a única coisa que conseguia lhe trazer alguma paz durante toda a vida, uma maldita bebida, algo que sempre lhe dera prazer, mas agora apenas aliava as dores intermináveis que assombravam sua alma.
Nunca desejara não sentir tais dores, nunca se arrependera por ter cometido tantos erros. Mas sempre tomava alguns goles para aliviar as dores e arrepender-se por uns instantes. No fundo sentia saudades da vida que nunca tivera, sentia saudades de tudo que poderia ter se tornado. Sentia saudades de alguém que nunca existiu de fato, de alguém que sempre quis ser.
O dia estava amanhecendo os primeiros raios de sol já atingiam a varanda, olhou para o criado mudo desejando que ele falasse algo, sentou na cama e começou a colocar as botas, depois vestiu sua camisa, colocou os coldres, pegou suas pistolas, colocou o paletó por cima, apanhou sua insígnia, as chaves do quarto e desceu ao lobby do prédio. No saguão foi cumprimentado por algumas pessoas que chegavam de alguma festa, foi até a recepção tomou uns goles de café com o porteiro, acendeu um cigarro em seguida e dirigiu-se ao estacionamento. Começava mais um dia de trabalho, trabalho sem sentido, o sonho que sempre tivera, mas que de fato nunca vivera.
Abraço. Boa Leitura.
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