8 de dezembro de 2009

Para te Pedir pra Ficar

Acordei assustado. Você não estava do meu lado. Levantei te chamando, te procurei na cozinha, encontrei a mesa posta. O café na cafeteira ainda estava quente, não tardara desde que você tinha partido. Corri para o quarto, e só então vi o armário aberto. Sem seus vestidos, e sem minha camisa azul desbotada, a minha preferida.

Só então me dei conta que você estava me deixando, aliás que tinha me deixado. Mas eu não podia te deixar ir embora assim, te amava em demasia. Mais que isso, sentiria sua falta até mesmo depois de morto. Seu sorriso, seus cabelos encaracolados da cor de fogo, seus olhos que me devoravam quando fazíamos amor, a inspiração que você trazia às minhas músicas. Não podia deixar tudo isso partir.

Fui tomado por um desespero profundo, não sabia onde você poderia estar. Pior que isso, estava certo das razões de sua partida, e no seu lugar, faria a mesma coisa. Mas não podia, não podia te deixar ir, mesmo sem saber onde você estava.

De repente, encontrei a luz que eu procurava, bem ali no criado mudo. Talvez com pressa de partir, deixastes sua agenda para trás, bem aberta e cheia de preços e horários de voos. Sem pestanejar peguei-a, junto com a jaqueta no cabide e desci as escadas do apartamento correndo como um louco. Subi na minha velha moto e arranquei em disparada para o aeroporto.

No caminho, lembrei de nossas viagens de aventura montando aquela velha égua de ferro, que eu comprara com tanto empenho só pra te agradar. Era dela que eu dependia agora para não te ver partindo. No caminho, um sinal vermelho, parei para observar a agenda, e fiquei mais apreensivo ainda. Havia um voo às cinco, e faltavam quinze minutos, não podia ser esse o que você ia pegar, mas eu não queria arriscar. Cruzei o sinal, e mais alguns no caminho.

Cheguei ao aeroporto quando faltavam cinco minutos para o tal voo partir. Saí em disparada ouvindo a última chamada, no portão número treze. Era o meu número da sorte, não ia me decepcionar. De longe eu pude ver os seus cabelos da cor de fogo, gritei seu nome sem me importar que todos no aeroporto olhavam para mim. Você virou-se sorrindo, enquanto eu me aproximava.

Desculpa, mas eu não posso aceitar teu adeus.



Confiram "Para te dizer adeus", por Fernanda, do Rabiiiscos.

Abraço. Boa leitura.

5 comentários:

Gabriela Marques disse...

Eu li o texto dela, e gostei muito!
Mas também gostei muito do seu, os dois ficaram ótimos!

Beijoos'

Luna disse...

eu fui lá, e vim aqui.
e amei os dois.

Sueli Maia (Mai) disse...

Fahad,
li teu comentário em um blog em comum e caramba, corri prá ler você e sentir um pouco mais de uma mente sensível e notável e sim, você É alguém que vale a pena ler um pouco e mais...

Abraços.
Belo texto.
Vou conferir o da Fernanda.

@febrandao disse...

Querido Fahad,
você não sabe quão feliz me deixou ao ler seu comentário e vir aqui conferir o que você 'tinha aprontado' [risos] Vou te contar um segredo: assistia novelas e filmes, àquelas cenas em que alguém vai ao aeroporto buscar o(a) amado(a)que está partindo e sempre me emocionava bastante! em algumas vezes eu me perguntei se, talvez, alguém (algum dia) fosse me amar tanto a ponto de tentar me fazer desistir de uma idéia tão loca como a de PARTIR (tbm detestos despedidas). E veja só, ao menos em conto (meu 'EU' surreal), vivi um amor assim. [risos]

Adorei o texto!
Você é fera. :)

Beijo de luz e uma ótima semana

Luna disse...

ooown, olha amigo Fahad, é que esse ano foi daqueles, então como disse, tomo a 'última taça'. porque em diante, será só coisa boa.

e melhoras pra tu nêgo, e pra mim tb, que tô na mesma, com 38 de febre, tontura, e dor de cabeça. bate aqui o/

beijo querido.