1 de outubro de 2010

La Solitudine*

Apreciando os sabores mais amargos da vida como uma criança comendo algodão doce. É assim que José vive cada dia como se fosse o último e dobra cada esquina como se tivesse alguém lhe esperando com um revólver.

Ele encontra até mesmo nas marchas fúnebres sensações que nenhuma outra pessoa do mundo é capaz de experimentar, se ele fosse milionário o chamariam de excêntrico, se fosse pobre seria chamado de louco, mas ele não é ninguém, e assim é chamado.

Ele já quis jogar a culpa de tudo no mundo, mas o mundo, maior que ele, o jogou no lixo, o fez caminhar nas latrinas mais repletas de fezes, nos becos mais cheios de podridão, onde até mesmo veneno lhe parecia agradável.

Por décadas enfrentou guerras e mais guerras em nome de causas perdidas. Uma atrás da outra, primeiro o isolamento, depois a indiferença, passou então pela desconfiança, seguida da descrença e por fim, enfrentou a saudade que deixou seu peito despedaçado sem nunca tê-la encarado.

José arquejava, após mais uma batalha eram quase inaudíveis os seus suspiros ofegantes e repletos de dor. Embriagava-se então na solidão dos homens mortais.


Abraço. Boa leitura.

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"La solitudine fra noi questo silenzio dentro me
è l'inquietudine di vivere la vita senza te"
(Legião Urbana)

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