15 de outubro de 2011

Interesses

É na correria de uma cidade grande em que nós podemos perceber que, no mundo real, ninguém se importa com os outros. É verdade também que isso não é absoluto, mas basta conflitar o interesse do outro com o seu próprio e as pessoas estarão dispostas a mostrar quem realmente são por detrás da máscara de politicamente correto ou por detrás do escudo e espada de paladino da igualdade.

Num mundo ideal, se um mendigo na porta de um restaurante nos pedisse dinheiro pra comida e nós só tivéssemos o bastante para pagar a nossa comida compraríamos a comida pra viagem - porque certamente o restaurante não aceitaria que duas pessoas dividissem o mesmo prato - e comeríamos na rua dividindo com o mendigo. No mundo real nós olhamos para o lado e dizemos alguma palavra de negação ou simplesmente ignoramos.

Mas é sempre muito bonito falar no bem alheio. É sempre digno de aplausos quando alguém usa uma bela frase de fraternidade, justiça ou igualdade. É discurso recorrente atacar a hipocrisia, falar em ética, moral e dignidade. As pessoas só costumam esquecer que antes de satisfazer os interesses alheios, o que importa mesmo é satisfazer o nosso interesse pessoal e que a maior hipocrisia é satisfazer o interesse pessoal sob o argumento de satisfazer o interesse coletivo.

Seria muito mais fácil viver no mundo se um ato dessa natureza não existisse. As pessoas deveriam ser capazes de admitir que o próprios interesses vêm antes dos interesses alheios, mas ao invés disso vivem em uma espécie de peça teatral da vida moderna querendo pregar um faz de conta que todos sabemos que não existe.

Eu me importo primeiro comigo, é o meu interesse que eu coloco na frente, não tenho medo e nem vergonha de esconder isso. Se eu tiver que escolher entre o meu interesse e o de quem quer que seja, escolherei o meu, sem pestanejar. Se eu puder atender o meu interesse e, de brinde, o interesse coletivo será ótimo, mas não vou me colocar em segundo plano.

E para os quem acham que minhas palavras e meus atos são repletos de hipocrisia, não cito ninguém, não conto nenhuma história bonita de quando eu era criança e nem dou nenhuma satisfação. Eu tenho uma pergunta: eu admito que o meu interesse fica em primeiro plano, sou hipócrita por isso? Se defender o interesse próprio em nome do interesse coletivo é conceito de honestidade, ética e moralidade, eu prefiro que as pessoas continuem achando que eu não tenho nenhum pouco disso. (E o que as pessoas pensam, aliás, pouco me importa).


Abraço. Boa leitura.

2 comentários:

@FFenrirX disse...

Mais verdadeiro impossível. Bom texto. Joga bem a hipocrisia da sociedade em sua cara. O bem alheio é alheio ao nosso bem, se ambos andarem juntos, ganham tanto o apoio singular quanto o coletivo. E uma pena que isso realmente seja verdade, pois se não fosse, o mundo estaria em perfeita harmonia. Mas como não é, vemos a bosta que está por aí!

Anônimo disse...

Um texto valioso, rico em coerência. Idéias que muitas veves passam pelo pensamentos, mas que não são transcritas em palavras. Na minha opnião, um bom escritor sabe explorar o pensamento dos leitores, a fim de não apenas expor suas opiniões aleatoriamente, mas é aquele que é capaz de fomentar em cada sujeito a capacidade de reflexão e o potencial de identifica-se com o leitura.

Parabéns Fahad.