1 de fevereiro de 2013

Crônica de uma Derrota Anunciada



Hoje eu acordei cedo, abri meus e-mails, entrei nas redes sociais. Parecia uma manhã normal. Eu nem lembrava que seria hoje a eleição de presidente do Senado até ver na minha timeline do Twitter alguém falando contra Renan Calheiros. Comecei o dia...

Liguei a televisão e sintonizei na TV Senado e um senhor chamado Vital do Rêgo, da Paraíba, envergonhava seu estado, o Nordeste e o Brasil, ao rasgar elogios para um dos maiores males que acometem a política brasileira, o senhor José Sarney. Esse homem - que não merece o adjetivo de paraibano, pois os poucos que eu conheço são pessoas fortes, corretas e verdadeiras - chegou ao absurdo de dizer que Sarney é um símbolo de "modernidade e competência" [sic].

Perdi a vontade de comer, meu estômago embrulhou. Sarney é da pior espécie, é um monstro, um câncer, é sem dúvida o mal da República.

Ainda vi João Capiberibe falar em favor de Pedro Taques o candidato - segundo ele próprio diria mais tarde - "titular da perda anunciada, do que não acontecerá". Ele, como outros que ocuparam aquela tribuna e defenderam que Renan Calheiros não deveria voltar a ser o terceiro na linha de sucessão presidencial, falou em vão. Os mais de 300 mil que assinaram uma petição contra o calhorda alagoano, o fizeram em vão.

A luta foi em vão, mas assim foi porque a moça que me serviu um café na padaria, quando eu pedi para aumentar o volume da televisão que transmitia a sessão do Senado, indagou: "E você gosta disso?"

O brasileiro parece se preocupar com muitas coisas, menos com o que importa. É lamentável que a política seja um tabu. É lamentável que existam tantos em nosso país que pensem exatamente como a moça do café.

Almocei. E voltei à televisão.

E me deparo, novamente, com as palavras - dessa vez massacrantes - do senhor Vital do Rêgo, cada vez que ele pegava uma daquelas cédulas de votação e em voz alta repetia - notadamente com orgulho "Senador Renan Calheiros!", eu tenho certeza que era capaz de sentir a mesma dor que a democracia estava a sentir. A moça do café nem sabe, mas cada vez que o senhor Vital do Rêgo repetia o nome do calhorda alagoano, ela tinha sua cidadania vilipendiada. E ela nunca saberá.

É triste, mas assim é.

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