26 de fevereiro de 2010

Sobre uma Saudade (II)

E Miguel nem se importava mais quando ela o chamava de bobo, o tratamento que antes o deixava sem graça, agora o fazia sorrir agradável e timidamente. O revigorava, literalmente, de alegria e tranquilidade.

A saudade infindável era suprimida de uma forma tão intensa quando conversavam por telefone, ele sentia como se ela estivesse deitada no quarto ao lado, enquanto ele suspirava sua paixão na sala. Embora depois, quase que com a mesma intensidade a saudade o afligisse ao desligar o telefone.

A distância que separava Miguel de seu anjo era tão grande, e mesmo as suas tentativas de fazer parecer pra si mesmo que nem era tão longe eram em vão. Ele contava o tempo aguardando a hora de encontrar com ela, e iria mover céus e terras para que isso logo acontecesse.

Sentou na janela do quarto, pegou sua gaita, que ele nunca aprendera a tocar de verdade, e tentou tirar algum som dela. Como de costume desafinou.

Voltou-se para o quarto e ficou fitando o sorriso no porta-retratos ao lado de sua cama. Uma lágrima lhe percorreu o rosto, e ele percebeu que sua vida já estava muito além das palavras.


Abraço. Boa leitura.

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