10 de agosto de 2010

Monotonia Pressentida

Eduardo acordou cedo, fez o café e enquanto fritava ovos com bacon teve a estranha sensação de que não seria um bom dia no trabalho. Ligou a TV em busca de algum sinal, e nada. Ligou o rádio, e ainda nada. Mais uma vez só podia ter razão em seus pressentimentos. Fez a comida, comeu e depois levou uma bandeja pra namorada que ainda dormia no quarto. Não quis acordá-la, lhe escreveu um bilhete e saiu para trabalhar.

No caminho, nada mudou. As mesmas caras na porta do prédio, o mesmo barbeiro na barbearia da esquina, o mesmo velhote vendendo café ao lado do seu trabalho. Tomou um café, acendeu um cigarro, e ficou pensando. Enxergou lá longe umas nuvens cinzas era o agouro que lhe faltava. Subiu para sua sala, e deu início ao seu frenético ritmo de trabalho.

Ficou cerca de uma hora encarando a tela do computador tentando encontrar as palavras certas para escrever. Procurou, procurou, e nada. Fitava o papel e sentia um estalo, uma claque, mudos. E de repente um silêncio ensurdecedor. Chegou a hora do almoço e praticamente não tinha escrito uma só palavra. Foi almoçar.

Na volta, mal sentou-se novamente na frente do computador, foi interrompido pelo seu chefe. Que esbravejou-lhe dizendo que ele precisava mudar a forma de tratar as situações, a editora responsável pela revista havia recebido o quinto processo por danos morais em menos de dois meses. Todos em matérias escritas por ele.

De forma serena manteve o emprego, afinal precisava pagar as contas no fim do mês. E no fundo aquela rotina lhe agradava. O tempo passou, e ele foi se sentindo preso. Um dia ficou de saco cheio. "Já chega de tanta loucura, tanta vaidade. Eu so quero a verdade. Escrita em uma folha de papel reciclado usando um lápis sem tinta". Escreveu, não se demitiu, mas conseguiu ser promovido.


Abraço. Boa leitura.

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