27 de agosto de 2010

Perfeita Simetria

Ele estava cansado das brigas constantes, estava cansado das horas perdidas ao telefone discutindo bobagens ou, as vezes pior, horas de contato frio, como se fossem duas pessoas que não se conheciam - não de fato, não ainda.

Ele sabia que o devaneio que a irritara e, por certo, a magoara também, não havia sido nada senão a gota d'água que fez o pote transbordar. Mas e então, o que veio antes ao ponto de encher o pote? Ele não sabia.

Ele não podia achar que Luiza era um ex-amor, porque de fato e pesarosamente nunca viveram um amor juntos, foram parceiros. Mas ele a amava, cada gesto dela, cada sorriso incrivelmente incrível, cada palavra tão doce quanto algodão doce, cada uma das dúzias de fotos que ela tinha espalhadas em murais em seu apartamento.

Ele amava cada detalhe de Luiza, e a dor que o afligia era deveras forte em saber que os anos se passariam e ela ia acabar esquecendo dele - ou não. Não suportava imaginá-la casada com outro, com uma casa enorme e um casal de filhos, viajando por cada cidadezinha e outras tantas cidades grandes país afora.

Esses planos eram seus, eles haviam sonhado juntos. Jamais iria acusá-la de traição, ela estava em busca de realizar os sonhos de quando era jovem. E os sonhos dele, agora, eram repletos de aflição porque ele a queria de volta.


Abraço. Boa leitura.

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"Ao tempo em que nada
Nos dividia
Havia motivo pra tudo
E tudo era motivo pra mais
Era perfeita simetria
Éramos duas metades iguais"
(Perfeita Simetria - Engenheiros do Hawaii)

Um comentário:

.ThaísTenório. disse...

Pô,gostei muito do texto e quanto a música,sem comentários,muito boa também.Voltas..no geral,são aflitas e complexas..voltas.Tive uma boa leitura uahauhau' (=