Miguel estava sentado em sua poltrona favorita, ouvindo Ella Fitzgerald, fumando um charuto cubano, tomando "vinho" escocês e desdenhando do pensamento de Karl Marx, enquanto via as cenas da execução do Saddam.
A poltrona começou a ficar desconfortável, o disco arranhado na vitrola começou a soar estranho, o charuto foi ficando mais forte no fim, acabou o uísque. Ele olhou pro teto e concluiu: o amor, a justiça e o socialismo são ideais falidos.
Levantou-se, tomou um banho, pegou a viola colocou nas costas e saiu sem destino. Era incrível a presença que Luiza ainda exercia em sua vida, ainda que o tempo e as tarefas estivessem sendo demasiadamente generosos com Miguel.
Na noite passada, quando um quase desconhecido observou a fotografia de Luiza, que ele carinhosamente escondia num dos bolsos do casaco velho, e disse que ela parecia "extremamente incrível", ele só conseguiu imaginar que mal sabia aquele homem o quanto incrível ela realmente era, mais do que seja possível descrever em uma folha de papel.
Parou no meio do nada, uma praça deserta, sentou e começou a dedilhar suavemente acordes repletos de saudade e de dor.
Abraço. Boa leitura.
Um comentário:
Que lindooooo, Fahad. Muito bom! Parabéns! :D
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