12 de janeiro de 2010

Sorriso da Morte

O barco viajava sem rumo, para onde vento o guiasse. Pelo menos assim acontecia enquanto o Capitão descansava. Um dos mais notáveis piratas que já atravessara os Sete Mares, e mesmo assim, um homem infeliz há muito tempo, mas jamais fora cruel.

O dia estava prestes a amanhecer, quando um homem alto, barbudo e ranzinza apareceu em passos lentos no convés. Ele foi até a proa, de onde parecia sentir o cheiro do mar, e de todas as outras coisas por perto. Voltou aos mesmos lentos passos em direção ao leme.

Todos os piratas daquele navio observavam atentamente cada passo do Capitão, um dos piratas mais respeitados dos Sete Mares, mas que a grande maioria jamais vira roubar uma moeda sequer. E isso incomodava alguns, muito embora o Capitão tivesse feito de todos homens ricos sem transformá-los em inimigos públicos.

De repente o Capitão parou, levou às mãos ao colete e retirou uma pequena luneta. Rapidamente levou-a ao olho e virou-se para o sul de onde estavam, olhou atentamente por alguns segundos. E de repente bateu no leme com uma vontade que poucos ali já tinham visto.

Rumo ao que procurava há anos, o Capitão lembrou-se de um velho pensamento que tivera anos antes e os piratas transformaram em ditado. Os melhores tesouros podem ser roubados mil vezes, mas apenas quem o conquistar será capaz de usufruir dele de verdade. Ele sentia o coração palpitar a cada instante, não podia acreditar que estava tão perto de encontrar.

De repente os homens começaram a mover-se para as posições de batalha, um navio aproximava-se e carregava uma bandeira pirata. Foi quando o Capitão interviu, dizendo que não havia necessidade de preoucupações, não haveria confronto algum e ordenou que a bandeira fosse hasteada. Alguns homens mais jovens pensaram em questionar, mas os mais velhos seguiram as ordens do Capitão.

O Capitão caminhou lentamente em direção ao navio que estava emparelhando-se ao seu, ele seria capaz de reconhecer aquele navio em qualquer lugar, em qualquer tempo. Mas de repente, ele sentiu um gosto amargo em sua boca após ouvir um forte estampido, era gosto de sangue. Ele começou a cair suavemente, enquanto seu navio era ferozmente atacado.

Ao tocar o chão ele quase cego enxergou a bandeira finalmente chegando ao topo, ouviu uma voz feminina gritando do outro lado um cessar fogo, e o ataque lentamente cessando. E ele começou a sorrir enquanto fechava os olhos.

Do outro navio uma mulher belíssima saltou em direção ao corpo no chão, mas era tarde demais. O Capitão havia fechado os olhos há alguns segundos. E ela só pode ver o sorriso em seu rosto enquanto começou a derramar lágrimas que carregavam inúmeros sentimentos. Um dos velhos companheiros do Capitão se aproximou sorrindo para ela e falou com atenção:

- Ele cumpriu a promessa. Ainda lembro de quando ela foi feita jovem moça. "E se a única coisa que eu for capaz de fazer por ti for morrer de amor, te garanto que morrerei sorrindo".



Desculpem a ausência. Sentida eu espero.

2 comentários:

Willian Pinheiro Galvão disse...

mermaum... lembrei daquelas revistas da década de 1980... Sabrina, Julia, Bianca...

@febrandao disse...

Contos piaratas, Adoroooooo!
e como eu te disse, nao queria que ele tivesse morrido.


:(


beijao, querido