A noite caía lentamente e ele continuava sentado na beira da praia. Fitava o castelo de areia que havia demorado toda a tarde para terminar, e via cada vez mais as ondas se aproximarem, prestes a destruir o seu cuidadoso empenho de uma tarde inteira. E nada podia fazer, se não esperar.
E o que breve aconteceria com o seu castelo de areia, muito se parecia com o que acontecia com seus planos nos últimos dias. Da mesma forma, ele nada podia fazer enquanto seus planos desmoronavam como o castelo de areia atingido pelas ondas do mar.
Apenas quando não restava mais nenhum vestígio do castelo de areia que ele tanto havia se esforçado para erguer, é que ele foi se afastando da praia.
Em lentos passos começou a sentir uma leve garoa cair.
E agora foi inevitável, em muito lembrou-se daquele dia de chuva em que se conheceram. Sentou encarando o mar, levou sua mão ao bolso e pegou um retrato em preto e branco tirado naquele dia. Derramando lágrimas com cada lembrança.
A chuva começou a borrar o retrato, ao ponto de que não era mais nada além de um papel manchado de tinta borrada. Era possível apenas ler o verso, seco, que tinha as inciais "M" e "L". Largou o retrato ali mesmo e levantou-se desolado.
Miguel mais uma vez caminhava sozinho no meio da multidão.
Abraço. Boa leitura.
2 comentários:
Linda como sempre =)
bom, muito bom fahad!
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