30 de novembro de 2010

O Segundo Super-Herói Brasileiro?

Me vem à memória a capa da revista Veja de alguns dias atrás com o Capitão Nascimento estampado e a menção: "O primeiro super-herói brasileiro". Tomado por um sentimento de desprezo e inconformismo com a corrupção e as injustiças que, como um câncer, corroem dia após dia o nosso país, ele pegou em armas e partiu numa guerra pessoal. Nos EUA, Tropa de Elite seria apenas mais um filme qualquer de ação, aqui virou sinônimo de inspiração e retrato da realidade para muitos.

E, coincidentemente, poucos dias após a estréia do novo Tropa de Elite, eis que o Rio entra em guerra. Não nas telonas, mas na vida real. Gueera de verdade. E uma figura começa a tomar certo destaque. Delegado Federal e Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame. Mas na verdade quem é esse cara, um escoteiro, um burocrata ou um novíssimo herói?

Não adianta se esconder diante de um cargo, de uma patente, de uma farda e dizer que tudo vai bem. Tem que colocar a cara pra bater, tem que dier quando as coisas não vão bem. E isso o Beltrame tem feito, pelo menos recentemente. Ele não fica em seu gabinete assinando papéis e tomando capuccino. Só me resta dúvida no que diz respeito à sua alçada até a Secretaria de Segurança Público, meios burocráticos, eu espero.

"Palavra de escoteiro", quem já ouviu isso? Eu já. A palavra de um escoteiro equivale a um contrato, ou seja, a verdade, e nada mais que a verdade. E ele disse que ia entrar no Alemão, e ele disse que ia prender os traficantes. Honrou sua palavra. Mas numa guerra não há lugar para escoteiros.

E de repente ele diz que pode entrar em qualquer lugar no Rio de Janeiro, quero ver ele honrar essa palavra e entrar no Bar da Praia ou no tradicional reveillon de Bruno Chateaubriand, no edifício Chopin. Lá, tradicionais pontos de encontro da high society carioca, ele vai poder ver quem financia o tráfico que ele combate. Mas ele vai ter coragem? Se tiver, quem sabe pode até virar herói.

Herói que ele, ainda, não é. Ele está somente cumprindo o dever. Eu estava certo quando concluí antes de escrever isso que ele é um Cap. (ou Ten. Cel. pra quem já viu Tropa 2, que eu não vi) Nascimento numa versão mais modesta, numa versão 'escoteiro'. Para combater de verdade o tráfico Beltrame tem que tirar o tom de escoteiro, nada de fazer bem aos animais, traficante é pra morrer. Não estou dizendo que ele não está de parabéns, ele está - e eu tô começando a gostar dele. Mas ainda não é hora mitificar José Mariano Beltrame. Ele precisa de mais pra ser herói, ele não é um burocrata, ele foi pra guerra, e numa guerra não há lugar pra escoteiros.


Abraço. Boa leitura.

Um comentário:

Moaci Judson disse...

Queria ver ele entrando nas festas da high society, ai ia pegar pó franco! dava para aterra a lagoa rodrigo de freitas!
Palavra de escoteiro!