30 de março de 2011

Apenas Saudade

Ao abrir a caixa de e-mails, deparou-se com uma mensagem de Silvio. Hesitou, mas abriu.

Eu fiquei procurando um sorriso, enquanto a paisagem quase indistinta passava pela janela do ônibus naquela noite de céu estrelado mas de lua ausente. Eu procurava um sorriso que não encontraria ali, mais que isso, eu procurava um sorriso inalcançável.

A ligação recebida horas antes de cair na estrada me trouxerá muita alegria, ouvir aquela voz doce ao telefone me remetera a lembranças de um tempo bom, um tempo que não mais voltaria. E ainda que fosse apenas pra agradecer a devolução dos discos velhos dos Mutantes.

Como sempre, eu alonguei a conversa para rápidoslongos trinta minutos. Com o intuito exclusivo de ouvir sua voz. E após desligar, retornei a ligação pra desejar um bom dia, e ouví-la novamente. Mas ficou me faltando o seu sorriso.

O sorriso de nossos abraços apertados, dos cigarros compartilhados, do vinho barato comprado no buteco da esquina. O sorriso que você me dava quando eu chegava naquela casa que tinha sua cor, a cor da sua alegria. Esse sorriso me falta, me faltará sempre. Só sobra a saudade e, por sorte, algumas migalhas de pão.

Talvez você apague esse e-mail antes de ler, talvez nunca o leia, ou simplesmente leia e ignore. Ainda assim, até logo, mas não adeus.

Em silêncio após reler o que ele tinha escrito, Caroline deitou-se ao lado de André, fechou os olhos e dormiu.


Abraço. Boa leitura.

Um comentário:

utopic disse...

Igual ao vinho, você se supera a cada conto!