25 de março de 2011

Concerto

A orquestra até agora não o tinha surpreendido, eram músicas que ele já vira outras vezes, ao ponto de ser entediante algumas vezes. Marcos, no entanto, tinha encantado-se com outro tipo de beleza, que não a artística. Ele sempre encontrava Sofia nos concertos, ocasionalmente conversava com ela, nunca deixara de notar o quanto ela era bonita, mas naquele dia algo era diferente.

Ele atentava para cada detalhe da moça ao seu lado, do pouco mais delicado movimento do cabelo até uma suave ansiedade no bater dos pés, passando por suaves piscar de olhos e alguns risos recatados observando a orquestra. Mas eram os olhos negros que o prendiam, ainda que de forma esquiva não cansava de tentar fitá-los.

Por alguns instantes a música da orquestra era inaudível, os traços da moça pareciam servir como mãos tapando seus ouvidos. E mais, ele por vezes desejou sentir o toque da moça, a maciez de sua pele, chegou a ter a ligeira sensação de ter hesitado em tocá-la. E ele queria tê-lo feito, ali enquanto a orquestra começava as novidades do concerto.

Se conteve, como forma de se proteger, é fato, mas os olhares diferentes que lançara naquela noite certamente o incomodariam em outras noites. Na saída do teatro, após o concerto, trocou algumas palavras com Sofia e, finalmente, a tocoou, despediu-se com um abraço que lhe trouxe ainda mais força à imaginação, o perfume dela era quase tão incrível quanto o olhar negro.


Abraço. Boa leitura.



Nota: esse conto foi manuscrito, escrevi mais cedo com uma caneta e um papel em branco.

Um comentário:

Roberta Freitas disse...

Já pode se apaixonar pela sua personalidade artística e sentimental?!