29 de agosto de 2011

Noite e Dia

Não suportava mais aquele lugar cheio de pessoas estranhas. Um velho balbuciando provérbios populares, uma moça fazendo apelos para jovens afegãos refugiados na Argélia, um rapaz falando sobre conjecturas econômicas que não tinham qualquer sentido e, o mais estranho, dois irmãos siameses defendendo a liberdade de expressão ilimitada.

Perdeu a paciência, juntou seus papéis e rapidamente guardou tudo em sua maleta. Era um dos mais estranhos congressos de pseudociência que já tivera participado, mas outra coisa ocupava seus pensamentos, outra pessoa, aliás.

Ele não conseguia sequer lembrar-se da última vez que aquela sensação estivera presente em seu dia. Mesmo acordado ainda continuava sonhando e ela lá estava, num daqueles sonhos em que o menos importante é acordar. E nisso tudo a única coisa que ele não conseguia era encontrar uma explicação razoável, embora isso não fizesse diferença.

Preferiu um ônibus ao invés de um táxi pra ir do congresso para sua casa. O percurso de pouco mais de uma hora pareceu uma eternidade se comparado à rapidez com que passou aquela noite, faria qualquer para que o tempo tivesse passado mais devagar, pra que o céu tardasse em clarear, as estrelas eram muito mais incríveis, mas não tanto quanto ela.

Chegou em casa e quando abriu porta deu de cara com sua bagunça, olhou rapidamente a foto colada no espelho e sorriu para si mesmo esperando que as coisas realmente melhorassem e sentindo uma saudade agradável.


Abraço. Boa leitura.