19 de junho de 2011

Maldita Rotina!

Ainda que saiba que não vai ficar bom, que não vai me agradar, que não vai me bastar, eu vou escrever. E vou escrever porque isso é a única coisa que eu posso fazer agora. E quem espera um final feliz, nem leia...

***

Meia-noite. Ele deixava o aeroporto muito cansado, apesar de ter sido um voo breve de pouco menos de duas horas. Por sorte não teria que dirigir na viagem que se seguiria em algumas horas. Chegou em seu apartamento e, como de costume, apesar de muito cansado, não tinh1a nenhum sono. Resolveu não dormir até a hora de viajar.

Cinco e cinqüenta da manhã. O motorista da universidade onde ele iria palestrar mais tarde o chamava pelo interfone, dez minutos antes da hora marcada. Ele desceu apressado enquanto vestia a camisa. Deixou o cabelo um pouco espetado, sentou no banco de trás e dormiu.

Oito e quarenta da manhã. Ele descobre que a palestra fora suspensa minutos antes de chegar na universidade. Um curto-circuito danificara o equipamento de som e não havia previsão de quando estaria tudo consertado. Ele resolveu visitar alguns conhecidos que tinha por lá.

Meio-dia e vinte. Um almoço melancólico sentado sozinho numa mesa, era o único solitário de todos que estavam no restaurante, comeu rapidamente e saiu. Foi até a esquina, tinha uma banca de revistas, comprou um cigarro, fazia 20 anos que não fumava. Acendeu, e nem sabia mais tragar.

Duas da tarde. Recebeu uma ligação do motorista da universidade, todo o evento fora adiado. Ele seria levado de volta. Aguardou enquanto o motorista chegava aonde ele estava. Comprou uma água mineral, entrou no carro e partiu.

Cinco e quarenta da tarde. Chegava em sua cidade, não daria tempo sequer passar no apartamento, disse ao motorista que fosse direto para o aeroporto. A correria nos últimos dias era grande. Chegou lá na última chamada para o voo.

Sete e vinte e cinco da noite. Chegava um pouco atrasado para a aula, os alunos já o esperavam. Tomou um café na cantina antes de ir para a sala de aula. Começou a aula e não demorou para perceber que os alunos estavam inquietos. Era algo sobre uma manifestação que acontecia contra o reitor.

Dez da noite. Resolveu dormir num dos apartamentos que a universidade tinha à disposição num hotel da cidade. Estava muito cansado.

***

Seis da tarde do dia seguinte. Ele lembrou que esquecera do aniversário dela. Pensou em ligar, mas achou melhor não. Ficou remoendo. Mas deixou passar.

***

Três dias depois do aniversário. Ele estava na frente do computador, usando seus meios de comunicação quase que pré-históricos àquele tempo, quando subiu uma janela indicando que ela estava online. Ele, antes de qualquer coisa, desculpou-se sem dizer porque, mas sabendo que ela entenderia. Desculpas negadas.

Ele tentou amenizar, falou da correria, do cansaço. E ela retrucou: "Se fosse com você, você ia achar que isso justifica? Seja sincero". Ele não tinha o que dizer. Não conseguia nem falar das imensas saudades que sentia.

Ela era importante, de verdade, mas como dizer isso agora?


Abraço. Boa leitura.

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