10 de maio de 2010

Mas Ele Ainda Sonha...

Miguel estava cansado, a correria da sua vida e os seguidos estresses o tiravam do sério e, vez por outra, ainda tiravam o tempo que ele tinha pra lembrar dela. Mais uma vez no caminho para casa, acabou parando no barzinho do outro lado da rua. Resolveu variar, pediu uma cuba libra.

Acendeu um cigarro, chamou o garçom e pediu pra ouvir sua banda favorita. Bebeu o primeiro copo como quem acabara de encontrar um copo de água após um longo tempo no deserto. Cada música que ouvia o fazia lembrar dela. Especialmente do sorriso incrivelmente incrível.

Nunca se sentiu tão ansioso para encontrar alguém, mas os encontros e desencontros da vida já estavam o deixando irritado. Mais ainda por saber que, diferente do que haviam planejando e por um pequeno detalhe não acontecera, não sabia quando a encontraria novamente.

Ele nunca duvidou, por um segundo sequer, das palavras de Luiza. E enchia os olhos de lágrimas de alegria sempre que conversavam pelo telefone, ou nas raras vezes que ela respondia uma de suas cartas.

Mas a noite anterior foi diferente.

Eles conversaram um pouco, mas muito. Já era tarde, quase dia, quando eles terminaram de conversar. E no fim, ele dizia o que não queria dizer, mantinha-se firme para que ela não percebesse a voz trêmula no telefone, mas derramava lágrimas incontáveis.

Tinha certeza que estava agindo corretamente, não tinha o direito de exigir nada dela, no máximo um sorriso de vez em quando. Mas ele não dormiu naquela noite, chorou o quanto pode, e depois sentou na janela do décimo terceiro andar, bebendo e acompanhado do velho companheiro de filtro vermelho.

Mas ele ainda sonha...


Abraço. Boa leitura.

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