12 de maio de 2011

Pobre não gosta de pobreza!

A responsável pelo meu retorno ao blog foi mais uma dessas "campanhas" da Internet que reúnem o supra-sumo da estupidez humana.

Tudo começou quando moradores do bairro nobre de Higienópolis reclamaram da futura construção de uma estação de metrô no bairro, dentre outros motivos, pelo fato de que estações como essa costumam reunir "drogados, mendigos, uma gente diferenciada...." conforme disse uma moradora do bairro em entrevista à Folha.

Logo uma multidão de revoltados com o dito começaram a fazer uma balbúrdia sem tamanho com o bairro de Higienópolis e com a tal expressão "gente diferenciada".

Von Mises possui uma teoria interessante que diz que as idéias socialistas tendem a proliferar em países mais desenvolvidos porque "quanto mais riqueza, mais inveja." E esse caso é um exemplo perfeito de como o economista austríaco estava certo.

Ora, ninguém é obrigado a gostar de ver a sua vizinhança frequentada por mendigos e drogados! Mas pronunciar uma tal frase no Brasil soa como um insulto grave aos ouvidos daqueles que gostam de tratar os mendigos, os drogados, as prostitutas e outras figuras exóticas da nossa civilização como animais de laboratório a terem sua realidade analisada (de preferência "analisada" num documentário chato para o cinema que ninguém vai assistir).

O que se vê na internet são multidões a dizer que vão fazer uma grande mobilização. Um enorme "churrasco só de 'gente diferenciada'" em Higienópolis com a intenção (velada ou explícita) de humilhar os ricos, mostrando para eles o quanto se orgulham da própria condição "diferenciada". Bom suspeito que a verdadeira "gente diferenciada" mencionada pela senhorinha higienopolitana não tem acesso a internet, certo? Então quem é esse pessoal que vai fazer papel de palhaço no bairro chique paulistano?

Sabe aquele pessoal que inventou a tal "estética da fome" nas décadas de 50 e 60? Pois bem, são os seus discípulos dos dias de hoje que, com uma ótica esquisita, veem beleza na fome e na miséria. É o tal pessoal que tem "orgulho de ser pobre" e que odeia os ricos pelo simples fato de eles serem....ricos!

Mises chamaria de inveja. Eu chamo de estupidez mesmo. De preconceito. Existem muitos ricos legais e muitos pobres canalhas. O amor excessivo pelas coisas materiais com certeza pode estragar um ser humano, mas esse amor manifesta-se tanto em quem as têm quanto em quem não às têm mas as inveja do fundo de sua alma.

Chesterton foi capaz de resumir esse pensamento de maneira exemplar num de seus muitos aforismos: "Por especialistas em pobreza eu não quero dizer sociólogos, mas homens pobres."

E os pobres, podem perguntar a qualquer deles, não gostam da pobreza!

"Não se tornam os pobres mais ricos tornando-se os ricos mais pobres"
(Winston Churchill)

Um comentário:

Fahad M. Aljarboua disse...

O Brasil vive em um regime em que privilégios são concedidos às minorias e é proibido explicitar o pensamento da maioria.

E as pessoas usam qualquer pretexto para criar uma polêmica, algo que logo vira uma "manifestação pública" e isso, na maioria das vezes, por uma questão estúpida!

Excelente texto meu amigo!