5 de julho de 2011

Desastre de Ordem

Pouco menos de 90% dos bacharéis em Direito que se submeteram ao Exame de Ordem foram reprovados. Algumas instituições de ensino superior conseguiram a façanha de não ter nenhum egresso aprovado. O que se observa do quadro é um caos generalizado tomando conta das faculdades de Direito, fruto principalmente da banalização do ensino superior em nosso país.

Eu arriscaria dizer que a maior parte daqueles poucos que lograram êxito no Examde Ordem o fez não por mérito da faculdade que frenqüentaram durante quatro ou cinco anos, conseguiram por mérito próprio. Conseguiram porque foram as cadeiras da universidade em busca não de levar adiante a tradição familiar ou para realizar o sonho pessoal dos pais, mas foram em busca de ascensão social.

É esse, no fundo, o propósito de quem estuda pra valer. Mas isso é ainda mais raro nas cadeiras das faculdades de Direito, por melhores e mais dedicados que possam ser os professores, é difícil ensinar a quem não quer aprender. É difícil quando a grande maioria dos acadêmicos de Direito encaram a faculdade como extensão do ensino médio, e não é assim.

É em face desse tipo de pensamento que esse resultado desastroso no último Exame de Ordem não é uma culpa que pode ser atribuída apenas à dificuldade do Exame, à inépcia da maioria das faculdades particulares ou as dificuldades de português de alguns estudantes, esses são apenas agravantes dessa situação obituária do estudo das ciências jurídicas num país onde não se discutem perspectivas nas universidades, onde a discussão é o tipo de questão que a Fundação Getúlio Vargas vai utilizar no próximo Exame.

Não pode ser esse o propósito das universidades. Devemos ir para lá discutir cidadania, debater ideias e, principalmente, defender a justiça que tanto vem sendo maltratada nas mais diversas instâncias de nosso país.


Abraço. Boa leitura.

Um comentário:

Anônimo disse...

Será que a prova não está difícil? Não sou estudante de Direito, mas sou especialista em educação. Amigo, quando a situação chega ao ponto em que 88 % dos estudantes são reprovados quer dizer que existe sim uma avaliação declinada à reprovação em massa. Não venha me dizer que os 88 % dos estudantes reprovados não estão preparados, é uma questão de estatística e lógica.
Pense nisso, tem muita gente contrária à aprovação de novos advogados, para não haver concorrência.