24 de dezembro de 2008

Fé cega e pé atrás...


Olá amigos. Cá estou mais uma vez a lhes prover com minha chatice quase que mórbida, e dessa vez em plena véspera de Natal. Pois bem, as felicitações e o desejo de boas festas faço logo, desejo a todos um Feliz Natal, mas sem aquelas coisas todas para evitar delongas, e pra não que quando chegue no fim do texto alguém não pare, e pense: "Meu Deus, ele é um cretino-hipócrita-desgraçado". A leitura hoje é polêmica, é algo que "não se discute", ou pelo menos não há muito proveito em discutir, devido a certas "tendências". Mas, lá vamos nós.

Mais uma vez, vou remeter em minhas palavras à perda recente de minha avó, definitivamente uma das pessoas mais importantes da minha vida, senão a mais importante. E acreditem, não vem sendo fácil superar isso. No último domingo completaram-se 30 dias desde sua partida, e seguindo o costume católico (não que eu seja católico, mais na frente vão entender) foi celebrada a "missa de 30 dias", coincidentemente, ou não, neste domingo a igreja estava lotada. Com a proximidade do Natal e as férias chegando parece que as pessoas reservaram um tempo a mais para a reflexão religiosa.

Mas antes, vou narrar um fato curioso que ocorreu antes que chegasse à igreja. Me perguntaram se eu não iria à missa de minha avó, e eu disse que ia sim, muito embora a essa altura já estivesse quase meia hora atrasado. E ouvi uma resposta curiosa: "O que vale é a intenção". Já volto a este ponto, permitam-me continuar a narrativa.

Bem, eu estava acompanhado de minha namorada na igreja, e notei que ela não estava muito à vontade lá. E então comecei a observar as outras pessoas que estavam ali, e me perguntei quantas delas também não estavam sentindo-se confortáveis lá, me questionei quantas estavam ali apenas por uma questão social, "pra manter a pose", se lembram da história da "intenção"? Bem o que vale não é intenção, não mesmo, o que vale é verdadeira, capaz de mover montanhas. Em seguida, sem pedir perdão e sem pensar duas vezes, questionei até mesmo a fé do próprio padre que celebrava a missa (eu sei que muita gente vai repudiar está atitude, e sinceramente não me importo, ele [o padre] é humano também, passível de erros).

Não sou capaz, nem é justo julgar, de apontar os muitos dos que estavam ali, e que definitivamente não legavam crença nenhuma. Mas era perceptível que ali muita gente, de fato, tinha fé em tudo aquilo que era pregado, em cada palavra, cada ação, pessoas que levavam ao pé da letra o "Credo", oração que afirma as crenças católicas:

"Creio em Deus Pai Todo-Poderoso,
Criador do céu e da terra,
creio em Jesus Cristo Nosso Senhor,
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai,
de onde a de vir a julgar os vivos e os mortos.

Creio no Espírito Santo,
na Santa Igreja Católica,
na comunhão dos Santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne,
na vida eterna.

Amém.(grifos nossos)"

E, por fim, não poderia deixar de questionar a mim mesmo se eu tinha a tal da fé, da crença. Na instituição [Igreja Católica Apostólica Romana], não há dúvida que não tenho a mínima fé (mais gente me aporrinhando, mas eu pulo a parte do "Credo" que fala "na Santa Igreja Católica", e não tentem me convencer do contrário), instituição alguma me convence, não instituições religiosas. Nos homens, bem talvez me reste alguma fé nessas pobres criaturas que muitas vezes não agem como deveriam, mas que são passíveis de erro, oras. E em Deus, bem de certo eu tenho fé em Deus, não só n'Ele mas em todo o seu legado, e acho que todos deveriam ter (e que não venham perguntar se Deus existe, essa discussão não me entra).

Agora imaginem todos vocês que leêm, sejam religiosos ou não, se todos tivesse a decência de abrir a boca e dizer exatamente isso que estou dizendo, posso apostar que muita gente pensa assim, mas têm medo de assumir o pensamento. Esse ano, eis que extrapolei a "cota" de missas por ano, normalmente não mais de 3 ou 4, esse ano foram mais de 10, não se enganem, não me tornei mais católico, apenas tive vontade de ir, e não só a missas, mas a cultos evangélicos também. Isso é a fé nos homens, e não nas instituições, não confundam. E fiquem com Deus.

Abraço. Boa leitura.


P.S.: no título mais uma referência as músicas de Engenheiros do Hawaii.

P.S.S.: Em 1945 um pergaminho foi achado em Nag Hammadi e foi tido como: "As Palavras Secretas do Jesus Vivo". O pergaminho na verdade é o Evangelho de São Tomé. Considerado por estudiosos o registro mais preciso das Palavras de Jesus, mas Igreja Católica o considera heresia.

E Jesus disse:
"O Reino de Deus está dentro de você e à sua volta, não em prédios de madeira e pedra. Rache uma lasca de madeira e estarei lá. Levante uma pedra e me encontrará. Quem descobrir o significado destas palavras não verá a morte." (vi isso num filme ou li em algum lugar, grifos nossos)


Revisão: tarde demais, ou cedo demais, deixa pra depois.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito interessantes os textos, fazia tempo que não dava uma olhada no seu blog.

Sempre soube que você escrevia muito bem, continue com esse trabalho. Muito bom mesmo!!

Beijos!