23 de dezembro de 2008

Salmo do Viciado em Heroína (Paródia do Salmo 23)


Olá amigos, hoje pela primeira vez estarei postando, na íntegra, um texto que não é de minha autoria, o texto a seguir, cujo a autoria eu não estou certo de quem seja, apesar de algumas suspeitas, data de 15 de Julho de 1988, em Currais Novos, apesar de logo em seu início haver algo que possa nos fazer crêr que não seja essa sua origem. Da mesma forma não sei o quanto de veracidade reside no mesmo, mas bem, é ler pra entender.

"Salmo do Viciado em Heroína (Paródia do Salmo 23)

Este "salmo" foi encontrado em uma cabine telefônica por um oficial de polícia de Long Beach, Estados Unidos. Foi escrito por uma jovem viciada de 20 anos de idade.

O rei heroína é meu pastor, sempre terei necessidade.
Ele me faz deitar nas sarjetas;
Guia-me ao alado de águas turvas;
Destrói minha alma.
Conduz-me pelas veredas da maldade por amor do esforço.
Sim, andarei pelo vale da pobreza e temerei todo o mal,
Porque tu, heroína, estás comigo.
Tua agulha e cápsula tentam consolar-me;
Esvazias a minha mesa de alimento na presença de minha família;
Roubas a minha capacidade de raciocinar.
Meu cálice de tristeza transborda.
Certamente o vício de heroína me acompanhará todos os dias de minha vida.
E habitarei na mesa dos execráveis para sempre.

No verso do cartão em que estava datilografado o "salmo", havia a seguinte mensagem ecrita a mão:

Verdadeiramente este é o meu salmo. Sou uma jovem, de vinte anos de idade e durante o ano e meio passado venho perambulando pela rua do pesadelo dos viciados em entorpecentes. Quero abandonar a droga e tento, mas não posso. A cadeia não me cura. Nem a hospitalização me ajuda por muito tempo. O médico disse a minha família que teria sido melhor, e na verdade mais generoso se a pessoa que me deu a droga pela primeira vez tivesse pego uma arma de fogo e estourado meus miolos, e prouvera a Deus que ela tivesse feito isso. Meu Deus, quanto desejo isso!


Currais Novos, 15 de Julho de 1988. (grifos nossos)"


No texto fala-se do vício em heroína, mas muitas vezes acabamos esquecendo outras drogas, "menores", ou ainda pior, lícitas. O tabaco, por exemplo, comecei a fumar aos 15 anos, isso fazem uns 6 anos e alguma coisa, e desde então tentei parar por algumas vezes sem êxito. No último dia 3 de Setembro, resolvi, não iria mais acender novamente um cigarro, dessa vez eu sabia que não faria isso, estava completamente decidido.

Mas, a vida é uma caixinha de surpresas (não resisti ao clichê). Eis que eu perdi uma pessoa muito importante pra mim e, sinceramente e sem orgulho disso, não fossem duas razões eu teria feito uma besteira, das grandes. Não fosse pela força dos meus amigos e pelo "prazer" em acender mais um cigarro, eu teria explodido. Por alguns dias seguintes, continuei a me amparar no cigarro para manter a cabeça no lugar.

Resolvi então, há pouco mais de duas semanas, parar novamente, aquela parada definitiva que eu havia escolhido antes. Já fazem mais de duas semanas, e sequer tive vontade de acender ou mesmo tragar um bom cigarro, e me escutem quando digo que fumar traz uma sensação incomparável. Mas não o farei mais, porque nessas ditas "drogas lícitas" o perigo por vezes é até maior que em outras "ilícitas". Espero profundamente que isso possa ser útil a alguém.

Abraços e Feliz Natal. Boa leitura.


P.S.: que post pra se colocar praticamente na véspera de Natal, mas tem nada não. Véspera de Natal eu coloco um de Boas Festas.

Revisão: tá tarde pra isso, deixa pra depois.

2 comentários:

Cynthia Germanna disse...

Cada um de nós sabe a hora de parar e começar algo. Mas isso quando as coisas estão dentro do controle, nesse caso, coisas incontroláveis acontecem e recaídas também.
Não costumo julgar ninguém por voltar atrás, eu volto de vez em quando, e vícios, como o próprio nome já diz é algo difícil de se distanciar. Ninguém é fraco por ceder a tentações e sim por não assumi-las e posteriormente tentar encarar as coisas de frente.
Desejo sinceramente Fahad, como presente de natal que você se afaste desse "mata aos poucos".
Feliz natal e até breve.

Sarinha disse...

Sabe, hoje estava na praia e vi um homem passando vendendo maços de cigarro.
Ao ver aquilo, imaginei toda a cena: eu comprava um maço, pedia fogo ao vendedor, ascendia um cigarro e sentia toda aquela sensação incomparável que você descreveu.
Após um tempo sentindo e imaginando tudo isso, voltei para mim e vi que isso não valeria a pena.. pois não seria um cigarro só, faz mais de um ano que não fumo e posso sentir tudo aquilo apenas em ver, imagine o que faria da próxima vez que visse, já que não faria tanto o tempo?
O tempo que já passei sem fazer isso me dá forças para continuar nessa luta, dia a dia. E histórias como essa é que servem de bengala quando achamos que em nossos maiores tormentos explodiremos se não fumarmos um cigarro para manter a nossa cabeça no lugar.