18 de dezembro de 2010

Cervejas, Garoa e Uma Violeta

Longos anos se passaram, e vez ou outra ele ainda sentia falta dela. Estranhamente a triteza de sua partida nunca o afligira, a única coisa que lhe infestava era uma saudade indomável. Ele ainda mantia o porta-retratos em sua escrivaninha, sem saber porque. E acabava se distraíndo às vezes olhando para aquele retrato. Mas no fundo, sabia que não precisava olhar aquela fotografia para se distrair, qualquer leve pensamento que o levasse até ela o fazia se distrair.

Naquela noite, sem qualquer razão aparente, não seguiu sua rotina. Ao invés de um tradicional vinho, abriu uma cerveja. E depois outras tantas. Caminhou pelo jardim com a garrafa na mão, sem se incomodar com a leve garoa que as nuvens despejavam com suavidade.

Encontrou, perdida no jardim, uma violeta. Escondida o bastante para ele saber que estava ali desde muito tempo, porque sequer lembrava quando fora a última vez que o jardineiro colocar violetas no jardim. Com cuidado, arrancou-a do chão e a levou para a estufa. Lá procurou um vaso e deparou-se com mais uma lembrança dela. Um vaso quebrado, desde o dia que ela partira.

Fez com que ele lembrasse o porque de sua partida. E pra aquela saudade que o infestava, diria que faria ela se apaixonar por ele todos os dias se isso fosse preciso. Uma lágrima, um sorriso tímido e alegre, uma batida mais forte e mais rápida no coração e um curioso desejo de mais três beijos, foi essa mistura de sensações que sucederam-se após a lembrança.


Abraço. Boa leitura.

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