22 de dezembro de 2010

Um dia a mais

Todo dia ele a via no trabalho, e toda noite ele a via nos seus sonhos.

Que nome se dá a esse sentimento tão forte por uma pessoa que não se conhece? Por uma pessoa de quem nada se sabe? Como pode uma total desconhecida ocupar assim de forma tão permanente a mente de uma pessoa?

Aliás, pensando bem, ela nem chegava a ser uma pessoa. Para ele, ela era apenas uma pele clara, um par de olhos escuros, um jeito gracioso de andar, e um delicioso perfume. Acima de tudo um perfume!

Naquela manhã, depois de sonhar (novamente) com ela, ele pensou em com aquilo era loucura! Como é possível conhecer uma pessoa pelo perfume, mas não pelo nome? Andando pela rua, ao cruzar com uma mulher que usasse a mesma fragrância, ele imediatamente reconhecia: "é o perfume dela!". Mas "dela" quem? Afinal, quem é ela, que toda noite ocupa os seus sonhos?

Naquele dia ele resolveu perguntar.No caminho ia pensando que essa é uma pergunta banal, que pode ser normalmente feita entre dois colegas de trabalho que nunca se falaram sem que um ache que o outro sofre de algum problema. Ele não sabia se seu pensamento estava correto, mas pelo menos era bem mais confortável do que a opção oposta.

Lá chegando, foi em busca dela, guiado pelo perfume. Qual é o seu nome? Um olhar de estranhamento pela pergunta que foi mais disparada do que perguntada e em seguida uma resposta. Uma troca de sorrisos burocrática.

Ela continuava não tendo nome. Aquele nome (ainda) não significava nada para ele. Em seus sonhos ele continuaria chamando-a simplesmente de "você". Depois de toda a reflexão e da decisão tomada na cama ao acordar naquela manhã, ela continuava não tendo nome. O que ela tinha agora era uma voz. E que doce voz!

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