26 de dezembro de 2010

Detalhes

O último show, debaixo de uma forte chuva, havia lhe tirado um pouco da voz, ainda bem que não faria mais nenhum show naquele ano, o que significava nas próximas duas semanas. Tempo o bastante para recuperar a voz, com certeza. Olhou pra Lucy, sua amada guitarra, e foi tomar banho.

Como sempre, fazia questão de ser pontualmente inglês - mesmo que dessa vez não houvesse uma hora exata para o jantar. Enquanto tomava banho, um pensamento passou pela sua cabeça, como era possível ter tanta certeza de que sentiria saudades dela mesmo que nunca a tivesse conhecido. Sabia que mesmo que nunca desconfiasse sequer seu nome ou se de fato ela existia, sentiria saudades dela, como conjunção estelar.

Além disso estava inquieto, mesmo sem saber o porque. Arrumou-se, foi à garagem, ficou na dúvida de qual carro escolher, e resolveu ir caminhando. E na caminhada só pensava nela. Se perdeu um pouco na hora, e na caminhada, e quando chegou já estavam todos lá. Jantaram, conversaram por horas e horas e horas, e foram se despedindo um após o outro.

No fim ele percebeu uma coisa estranha. Não que ele não estivesse concentrado na conversa, ele estava, mas de alguma forma seus olhos teimavam em olhar para uma certa direção. E mais, teimavam em querer cruzar com outros olhos no caminho. No fim, como os outros, partiu.

Dias depois, percebeu que havia deixado algo passar despercebido. Não sabia exatamente o que, mas havia.


Abraço. Boa leitura.

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