6 de dezembro de 2010

Perfume...

Sentado na cama João reunia as lembranças. Uma após a outra. Desde o dia em que esbarrou em Maria na fila do supermercado, e eles passaram horas e horas conversando. Os versos que ele escreveu e esqueceu de levar no dia em que ela foi acompanhá-lo no aeroporto, mas ele acabou se atrasando tanto que sequer conversaram direito. A longa conversa no dia em que ela lera os versos toscos que ele fez e que antecedeu aquele primeiro beijo, longamente aguardado.

Fitava o branco teto do quarto e não conseguia desviar o pensamento para nada mais. Eram incontáveis os momentos repletos de sentimentos agradáveis, e naquele instante todos suprimidos por um único recuo. Maria lhe pedira um tempo para pensar, mais que isso, colocara em xeque o que sentia por João. Ele entendia, ela precisava daquela certeza, mas ele não suportava tanta agonia que o tomava.

Pior que isso, ele achava que não haveria amanhã. Esse tal tempo, parecia ser definitivo. Estavam se perdendo. Ele sabia que ela tinha um gênio forte, não adiantaria insistir, talvez até piorasse. Estava impotente. E no quarto vazio, com as mãos no rosto, sentia o cheiro do perfume que lhe trazia lembranças e sorrisos, por ora repletos de saudade e vagos de alegria.

Era esse perfume, esse aroma a única presença dela, o único consolo...


Abraço. Boa leitura.

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